Originalmente escrito em Dezembro de 2008

Sinopse: No início havia apenas uma pequena porção de matéria altamente concentrada que explodiu. Depois uma lama altamente reactiva e biológia deu origem aos primeiros organismos unicelulares. Apanhando toda a gente despercebida, alguns saem da àgua (já no formato crocodilo simples) e começam a ganhar pêlo e a subir as àrvores. Aparecem dinossauros e morrem logo passado uns tempos (ou vice-versa). Depois o homem nu batalha-se com tigres dentes de sabre e dão-se as primeiras fodas em pé. Entretanto nasce Bruce Wayne e a sua vidinha simplória até ver o papá e a mamã a apanharem um balázio e partirem deste mundo cruel para se juntarem aos dentes de sabre em Valahala, onde fazem churrascos aos domingos à tarde. Bruce Wayne cresce com ódio e tenta ferir todos os maus que pode enquanto vai passando por um periodo de abstinência sexual que não tem fim à vista. Eis então Batman, o Cavaleiro das Trevas, o Homem Morcego de borracha negra. O início…

Crítica: Eis que chega um Batman novinho em folha, completamente independente dos seus antecessores. Com 15 anos de atraso. O remake do ano.

Batman Begins é um bom filme. No entanto acaba por se transformar em dois filmes diferentes para dois públicos. Começando do zero absoluto, toda a história de Wayne é explicada com detalhe, desde o incidente com morcegos até ao nascimento do super-herói. A maneira como Nolan faz este filme é sóbria e adulta. Tudo é explicado de maneira relativamente realista, para meter na prateleira (de vez?) todos as paneleirices boiolas dos anteriores. O filme evolui bem, sem nunca exagerar nos efeitos especiais nem nos artefactos batoteiros de argumentistas preguiçosos, como as contagens decrescentes à McGyver, por exemplo.

Lá para o fim o filme transforma-se. Quando começa a acção desenfreada comecei-me a irritar. Eu detesto quando metem aquelas técnicas de montagem de Resident Evil, em que cada plano não dura mais que 3 segundos, como se a plateia fosse composto por adolescentes com problemas de concentração. O fogo de artifício final (bem como os últimos 20 minutos) não me despertou especial entusiasmo. Relativamente ao resto do filme, achei competente. Negro, deprimido, desprovido de humor foleiro… Acabei por gostar, isto porque levava um preconceito enorme, confesso. Bom, críticas há para aí a granel e o que eu quero dizer é outra coisa.

Ok, o filme não é mau. Para falar verdade, não é difícil ser melhor que os outros, basta ser ultra mediano. Podem já começar a agarrar pedras para atirar, pois vou fazer uma confissão: nunca achei muita piada às versões do Burton… Para mim, os Batmans de Burton sempre foram ao nível do seu planeta dos macacos, um biscate que ele arranjou para ganhar umas coroas. Também, com a máquina promocional que tinha, só falhava se houvesse mesmo homossexualidade explícita com o Robin. A minha questão é… .

.. será que precisávamos de outro Batman? Será que a moda de pegar num personagem para lhe fazer juz vai pegar? Será que vão fazer outro Spawn ou outro Punisher (seria o 3º)? Não me parece. Não acho piada nenhuma a essa ideia, até porque, pelo final deste, parece que vamos ter mais meia dúzia de sequelas, o que não augura nada de bom.

Pontos Altos: É realista, negro, sujo e não cai em McGyverismos.

Pontos Baixos: É um filme desnecessário, um saca-euros explícito e com perspectivas de franchise.

Veredicto: Enquanto obra stand-alone, safa-se com bastante distinção. Enquanto mais outro Batman, acho que não precisavamos de mais nenhum.