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Los cronocrímenes (2007)

E já que nos encontramos numa maré de viagens no tempo, falo-vos também de Los Cronocrimenes, um filme espanhol independente de parcos meios, mas de infinita criatividade. Um exemplo de tenacidade e sucesso para os brochistas portugueses do ICAM-dependentes, que em vez de andarem aí a carpir lamúrias como um bom bando de putinhas que são, podiam criar um argumento que se adapte ao magros fundos que o governo lhes atira.

O conceito é simples, no entanto bastante rico em possibilidades: as micro viagens no tempo. Um homem recua umas horas no tempo e entra-se a si próprio, mas não pode identificar-se para não destruir o fluxo temporal nem criar paradoxos. O pior é quando o homem entra novamente na mesma máquina e recua novamente no tempo. Deliciosamente complexo e que nos deixa com inveja, mais uma vez, dos espanhóis e do seu aprazível cinema.

Os cenários são simples, uma casa de campo e umas instalações secundárias, luz natural. Paisagens naturais, um argumento genial e a capacidade de criar um colosso a partir do quase zero absoluto. Apesar da modesta produção que foi este Cronocrímenes, foi um instante enquanto foruns, sites, blogs e conversas de café começarem a discutir os fundamentos do filme, as suas eventuais pontas soltas, os “what ifs” e até há que tenha criado um diagrama a explicar o fluxo temporal do filme.

Coisas tristes: Hollywood abocanhou os direitos e prepara-se para cuspir (escarrar? vomitar? obrar?) um remake que, se for o habitual remake americano, será tão agradável como baldinho de merda para o pequeno-almoço. Fiquem com o trailer que vos faz mais homens, mesmo os leitores que forem mulheres:

11 Comments

  1. cine31

    Eh pá, comecei mal o dia…não sabia que tinham comprado os direitos em Hollywood… F*da-se!! 🙁

  2. cine31

    Continuando, um dos meus filmes favoritos sobre viagens no tempo. Nuestros hermanos demonstraram que sabem fazer mais do que filmes estilo Almodovar (que não gosto, não sei porquê, porque nem vi nenhum dos filmes, se calhar porque as premissas dos filmes dele me interessam tanto como ver crescer relva…) e que com meios modestos fazem filmes interessantes, ao contrario da maioria dos nossos realizadores tugas 🙁 o cinema é mais do dramas existênciais estéreis

  3. José brito

    Apenas lembro que Espanha produz um número infinitamente superior de longas metragens do que Portugal. Quem vê cinema espanhol assiduamente sabe que a maior parte é uma merda igual ou pior que a portuguesa. Só muito esporadicamente aparecem filmes decentes espanhóis. Provavelmente se em Portugal houvesse o mesmo numero de produções onde todos os anos surgisse oportunidade para aparecerem novos cineastas dos mais variados estilos, talvez também cá se viesse a descobrir alguns talentos. O problema é que cá as produções são escassas e os apoios são ainda por cima quase sempre para os mesmos. Deste modo, a mudança é praticamente impossível. Se bem que tem havido algumas tentativas, como por exemplo o SORTE NULA. Um filme fora do habitual com um argumento com potencial mas que não teve praticamente apoio nenhum e infelizmente o realizador nunca mais fez outro filme para poder mostrar algo de novo e evolutivo.

  4. José brito

    só para acrescentar que tal como Los cronocrímenes, o Sorte Nula foi o único filme português em que os direitos foram comprados por uma produtora americana para uma possivel remake.

  5. pedro

    Em relação ao Sorte Nula, devo dizer que discordo. O filme é manifestamente mau. Teve um grande hype e desiludiu imenso. Basta apenas mencionar a cena do strip-tease. Se era para mostrar as mamas da Carla Matadinho, o realizador deveria ter arranjado uma artimanha menos idiota. A chamariz foi a cena do carro a ser abalroado pelo comboio. Tudo roda à volta disso. No que diz respeito aos direitos eu acho (não tenho a certeza) que estás a confundir com o filme anterior do Fragata, Pulsação Zero. Esse sim, é um filme bastante aceitável e esse é que teve os direitos comprados pelos americanos.

  6. José brito

    Infelizmente não vi ainda o Pulsação Zero. Esse filme foi completamente abafado! Entretanto descobri que afinal o Fernando Fragata tem um novo filme chamado Contraluz e que vai estrear brevemente. O teaser que lá está é poderoso. Mas é estranhíssimo nunca ter ouvido falar disto ainda. Como é que não falaram disto ainda nas TVs???? Espero que não aconteça o mesmo que ao Pulsação Zero que nem sequer encontro em DVD.

  7. José brito

    …esqueci-me de mencionar… aqui está o site http://www.FilmeContraluz.com

  8. José brito

    há um link para o trailer no YouTube também… seria interessante descobrir mais sobre este filme.

  9. Fred Burle

    Pedro, um sujeito plagiou esta crítica sua, entre outras: http://jonathascool.blogspot.com/2010/09/los-cronocrimenes-2007.html

  10. Daniel Brasil

    O Triângulo do Medo (Triangle) é uma adaptação do Los Cronocrímenes ou não? Se for, ficou excelente, mas se Hollywood refilmar o original será uma catástrofe sem precedentes. E não adanta jurarem fidelidade cinematográfica à Vanilla Sky, eu não engulo. Abre Los Ojos é um filme ímpar e seu “amiguinho” norte-americano está mais para um videoclipe do Justin Timberlake encenado pelo Tom Cruise.

  11. Daniel Brasil

    Sobre filmes portugueses, andei pesquisando e vendo que a produção de boas películas não é escassa como se chega a afirmar. Há filmes interessantes e recentes, inclusive que vou ver se encontro. Segue uma listagem de bons filmes que, tenho quase certeza já conhecerem:
    – Coisa Ruim; – Deste Lado da Ressurreição; – Mistérios de Lisboa; – Morrer Como um Homem; – Espelho Mágico; e – Um Filme Falado. Isso, dentre os mais recentes, pois há mais coisas no ar. Aqui no Brasil, atualmente não é diferente, pois ou se investe em comédia-romântica ou em dramalhões insípidos, todavia, merecem destaque seis filmes, ou seja, – Sudoeste, O Som ao Redor, Mangue Negro, A Oeste do Fim do Mundo, Os Famosos e os Duendes da Morte, Olga e Assalto ao Trem Pagador. Os três primeiros tratam-se de um filme experimental no estilo de Béla Tarr, uma película de zumbi não escrachada e feita no melhor estilo “Peter Jackson morando com a mãe” e um drama com suspense e surrealismo sobre a vida de indivíduos da classe média que se instalou e se considerou dono de um bairro. Ando atrás destes filmes portugueses e se souberem onde encontrar, agradeço a indicação. Abraço.

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