Fez-me lembrar uma vez em que estava em casa e comecei a ouvir uma acesa zaragata na rua. Fui à janela. Lá estavam dois pinguins a fazer aquilo que me pareceu ser uma encenação de “À espera de Godot”, usando sinais de trânsito para simular diálogos. Passados uns momentos apareceu um rabino irado com o facto de um dos pinguins o ter enganado. Parece que lhe serviu uma dose de nariz de porco com coentros e o terá enganado dizendo que era peixe. O rabino, confiante, comeu com deleite. Quando lhe disseram que aquela estranha barbatana parecia uma ficha eléctrica, percebeu que estava a roer um focinho de porco. Má onda… Acompanhado de uns capangas da sinagoga foi tentar apanhar o pinguim. Quando apareceu, o pinguim 1 empunhava uma placa de fim de prioridade que seria a marca do final do 1º acto. O rabino atirou-lhe então o que restava do nariz de porco. Enquanto acendia um cigarro, o pinguim foi atingido no estômago pelo nariz e deixou cair o isqueiro em cima de uma lata de gasolina que servia para queimar uns figurantes no 2º acto. A lata virou-se, espalhando o pânico. Por incrível coincidência, passava o pelotão da volta a Portugal em bicicleta, ladeado por 2 urologistas de mota. Um dos ciclistas incendiou-se, espalhando o fogo pela audiência. Infelizmente, na altura, tinham-me faltado a bateria da máquina fotográfica.