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Resident Evil: Afterlife 3D (2010)

É de estranhar que um duvidoso franchise de zombies receba o 4º filme sem que se adivinhe um abrandamento. Mas os números não mentem e os três primeiros Resident Evil são os filmes de zombies mais lucrativos do cinema. Ditam os números que se repita a dose enquanto houver lucro. Este quarto tomo deve ser analisado em três frentes: a sua qualidade enquanto filme de zombies, na sua qualidade de franchise inspirado num video game e em que é que o 3D vem contribuir para a nossa felicidade. É certo que tem gajas num arraial de bofetada que parece não ter fim e a Milla está no seu pico do sex appeal, mas Resident Evil continua tão infantil, simplório e desinteressante como no primeiro dia.

Para garantir uma experiência cinematográfica que não entedie basta haver uma (ou mais) gajas boas a abanar os atributos e a colocar-se constantemente em posições sugestivas? Sim, mas não num filme de zombies. Mila Jovovich está, de facto, com muito bom aspecto, mas a sua postura laroca não garante por si só um filme que se quer devastador. Daí que haja ainda outra gaja boa, com poses igualmente sugestivas para contrabalançar. Ainda assim não chega. Falta matança, cérebros,membros decepados e uma dose elevada carnificina essencial a qualquer filme de zombie que queira ser levado a sério. Talvez com mais tensão lésbica e, quem sabe, uma sessão de lambe carpete pudesse fazer esquecer a falta de matança.

O problema destes Resident Evil é aquele aspecto plastificado e asséptico. É como servir traçadinho em TetraPak em vez de um copo de três*. Não é natural. O esquema de passagens de nível e monstros finais é aborrecido e previsível, assim como os vilões que afinal não morrem e se despedem com um “We’ll meet again, Alice! Mu hu hu ha ha ha ha”. Além disso há um abuso do slow motion, ao ponto de ser possível ver o filme em 25 minutos se a velocidade de filmagem for ajustada para a velocidade real.

A narrativa confundiu-me, uma vez que não me lembro da Alice ter aqueles poderes de Dragon Ball nos outros filmes. Dá-me ideia que ela era apenas uma durona mais forte que o habitual. Falta ali factor humano e credibilidade emocional, se o que se pretende é empatia pela condição humana. Uma equipa de actores vinda directamente do mundo das séries (Welcome back, Michael Scofield) faz o que se lhes pede e seguir aquele guião não é algo que dê muito trabalho.

Em relação ao 3D, digamos que é mais uma vez um artificio saca euros, porque a sua utilização é mínima durante o filme e para quem já usa óculos é irritante ter aqueles óculos de Tenente-Coronel do Vietname por cima. É desconfortável e a luz das escadas e do próprio projector reflecte na parte interna das lentes. É um horror. Oxalá esta tendência completamente irracional passe de uma vez por todas.

* O copo de três: bem mais interessante do que dissecar Resident Evil é analisar a origem do copo de três. Quem frequentou tabernas por mais de 45 segundos certamente já ouviu falar do copo de três, o mítico copo que honra a degustação do vinho saído directamente da pipa. Ora, há quem diga que o copo de três seja uma alusão ao vinho 3 Marias, quando se pedia um copo de “3 Marias” encurtava-se para a expressão “Dê-me um copo de 3”. Bom, mas isto pode ter lógica e parecer bonito assim lido por um leigo, mas a explicação poder ser bem mais profundo do que parece à primeira vista. Os puristas dizem que se chama copo de três porque são precisos 3 copos desta medida para perfazer meio litro, uma medida popular aquando da mediatização cultural do copo de três. Eu não gosto muito de vinho, não o bebo com frequência e sou aficionado de uma terceira teoria, que é o modelo de copo. Quando as tabernas controlavam o mundo havia três medidas de copos, o copo de 1, 2 e 3. Obviamente que o povo quando queria esquecer as agruras do dia a dia escolhia logo o copo de medida 3, aquele que garantia o acesso imediato ao mais elevado estado de embriaguês, aquele que lhes permitia voltar a casa para uma escaldante noite de amor com o gado caprino.

5 Comments

  1. tchetcha

    Dos Resident Evil que vi, ou seja todos excepto este, só o 2º se aproximou aos jogos, que eu tanto gostava. Depois de ter lido esta crítica agradeço terem me poupado 5,90€.

  2. pedro

    5,90€ o carago! Mais 2,5 euros de taxa de tanso por ser em 3D e se te esqueceres dos óculos chutas com mais 50 cêntimos…

  3. Someone out there...

    E estás tramado porque vem aí o quinto. Já estão em negociações… Faz-me lembrar a ‘saga’ da Academia de Polícia…o argumento é o mesmo, as personagens repetem-se…e ver o primeiro era o suficiente para deixar de ver os outros.

  4. Rui Pereira

    Foi o primeiro filme que vi em 3D no Cinema (primeiro desta nova vaga de 3D).

    Achei uma miséria. Acção ridiculamente irreal, falta de terror, de suspense, de tensão.
    A Mila não me espicaça minimamente.

    Vale pela outra raparigita…

  5. Eduardo

    Horrível.

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