Nos anos 80 o humor era dominado pelos irmãos Zucker e pelos seus alucinados filmes propulsionados a Leslie Nielsen, lenda da comédia que há pouco nos abandonou. Nos anos 90 os irmãos Farrelly dominavam o mercado com filmes desvairados com excesso de fluidos corporais para o gosto de toda a gente. Nos dias que correm o humor mainstream americano parece ser dominado comercialmente pelas comédias Apatow, uma espécie de Saturday Night Live 2.0 que vive  do excesso de explicações para situações banais da condição humana, de  desconforto circunstancial e da aproveitação abusiva de substâncias alteradoras de consciência. Comum a todas estas épocas estão os artifícios narrativos desonestos e excessivamente reciclados, o problema é que eu estou a ficar velho demais para achar piada a um badocha drogado a enfiar uma bola de cocaína no cu depois de se ter vomitado para cima do seu próprio casaco.

Estamos perante um filme que não é um mau filme. Não se pode dizer que nos vá horrorizar , criar uma fobia ou nos faça arder de febre alérgica. É um filme baseado num personagem de sucesso do filme Forgetting Sarah Marshall. O chamado “spinoff”, portanto. O ponto de partida, apesar de previsível, tem a sua piada. Espreitamos por detrás da vida decadente das estrelas do Rock e Pop, dos seus excessos e inseguranças, e todas as peripécias que daí possam advir. Nada de grandemente original, mas aceitável.

O problema deste filme é mesmo a fase final. Mais por culpa de um público que quer o happy ending com fogo de artificio e glorificação do herói, onde o amor tudo conquista, os maus muito maus merecem o devido castigo e os improváveis ganhadores exibem o sorriso sábio e feliz que precede uma lista de créditos finais. Tinha que assim ser para que o sucesso comercial (leia-se venda de bilhetes, dvds, direitos relacionados com todos os tipos de exibição comercial, marketing, product placement, etc) fosse atingido. Não me incomodo com isso. Já passei por essa fase. Apenas discordo, com todo o direito que me assiste. Eu, num mundo utópico de liberdade e justiça para todos, teria feito morrer o artista Rock e proceder à sua glorificação aos estilo Jim Morrison, James Dean, Kurt Kobain, etc. Mas seria um final sombrio, e para haver sucesso sexual no primeiro encontro é necessário que haja uma sensação de euforia depois da obrigatória ida ao cinema.

Apreciei os insultos a Lars Ulrich. Sou fã de Metallica desde o final dos anos 80, mas nunca suportei aquele tipo. Apreciei os cameos e o ambiente rockstar. Não recomendo que se pague muito por ele, mas é certamente um belo filme para ver em casal ou com um conjunto de amigos mais ecléctico em situações de dificuldade de escolher um filme levezinho que agrade a todos ou pelo menos que não ofenda ninguém.