Desde 24 de Junho de 2003

Paulo Coelho, improvável guerreiro anti-SOPA

pcoelho

Andava eu calmamente a ver as novidades do mercado de Inverno do Piratebay quando levantei os olhos para o logotipo do site e em vez da imagem habitual estava Paulo Coelho, o escritor brasileiro. Por baixo a legenda “The Pirate Bay proudly promotes Paulo Coelho”. Duvidei dos meus velhos e cansados olhos. Será que todos aqueles anos de abuso de psicotrópico estariam finalmente a fazer os tais estragos que me falou o médico de família e aquela cartomante da Feira do Cavalo e da Beringela de Outil? Não, era mesmo verdade. Segui o link e fui dar ao blog oficial do próprio. É certo que já não lia Paulo Coelho desde que aquela noite de Inverno de 1998 quando me foi prometida uma noite de sexo de intensidade moderada se conseguisse produzir um resumo de “Veronika Decide Morrer” em menos de duas páginas, mas foi a primeira vez que algo escrito por ele não me provocou espasmos gastro-intestinais. Digamos que quase senti orgulho de um dia ter fingido gostar das suas crónicas do guerreiro da luz juntos das minhas amigas da Faculdade de Letras.

O logótipo do Pirate Bay encaminhava para o blog do autor e uma frase destaca-se sobre todas as outras: “Desde que os meus livros começaram a ser disponibilizados nas redes P2P, as minhas vendas no mundo inteiro subiram em flecha”. Depois tem algumas considerações contra a (por enquanto) extinta SOPA e alguns apontamentos acerca de direitos de autor que me surpreenderam bastante.

Com isto chegamos a uma conclusão que me parece óbvia. As pessoas hoje em dia consomem um misto de pirataria com não pirataria. E se as pessoas nestes moldes consomem, digamos 20 obras piratas e 2 obras piratas, numa situação de sociedade distópica ultra policiada ao estilo SOPA/PIPA iriam apenas consumir 1 obra. O que dá um decréscimo de 50% nos seus valores de faturação. Isto falando de obras mainstream. No caso de cinematografias menos conhecidas ou localizadas as coisas mudam de figura. Todos nós, cinéfilos mais dedicados, conhecemos atualmente obras do Brasil, Japão, Coreia, Irão, México, Colômbia, Nigéria, África do Sul, Israel, Palestina, China, Holanda, França, Espanha, Suécia, Nova Zelândia, etc devido às redes da chamada “pirataria”. E graças a estas aquisições, comprámos qualquer coisa relacionado no mercado oficial. Sem pirataria não teríamos gasto um centavo nesse tipo de produtos.

De acrescentar ainda que o The Pirate Bay tem agora um programa de promoção de artistas que permite que determinada banda, escritor, autor, seja lá o que for, possa ter destaque no site, um destaque que vale mais do que publicidade paga em jornais de topo. Basta para isso que tenham conteúdo partilhado nesse site e que preencham um formulário próprio para o efeito.

Deixo-vos com a frase de Paulo Coelho que encerra o seu texto sobre este assunto:

Welcome to download my books for free and, if you enjoy them, buy a hard copy – the way we have to tell to the industry that greed leads to nowhere.
Love
The Pirate Coelho

The Pirate Bay (Para aquelas duas pessoas no mundo inteiro que ainda não conhecem o site)

Texto no blog de Paulo Coelho

 

The Pirate Bay Promotional Apparatus

4 Comments

  1. jotó

    também fiquei agradavelmente surpreendido… Bámos lá ber, bámos… 🙂 bom post 😛

  2. Ladybug

    Há uns tempos, ele escreveu um artigo onde defendia que, nos tempos que correm, o que fazia mais sentido era permitir os leitores poderem ler os seus livros online e através de downloads. É a era das novas tecnologias e os autores, como ele, tinham de se actualizar e de se adaptar ao novo contexto, à nova realidade. É claro que ele queria provocar, criticando aqueles que defendiam e defendem o livro impresso. A meu ver, não convenceu. Pelo contrário!

    N.B. Nem todas as meninas da Faculdade de Letras eram fãs do Paulo Coelho. Havia mesmo quem o abominasse… ;o)

  3. Loot

    Hou um autor de BD, cujo nome me falha agora que a início não gostou de ver o seu livro a circular pela net, mas depois de tal ter acontecido as vendas subiram em flecha.

    Estas leis usam a defesa dos autores nos seus discursos mas os interesses são outros.

  4. Binta Mendes

    Onde te meteste????????????????? Voltaaaaaaaaaaaaa!!!!!!!!!!!!!!!!! Os reviews dos filmes do oscar???????????????? Precisamos de tiiiiiiiiiii!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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