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Hell Comes to Frogtown (1988)

hell comes to frogtown

 Com a actual globalização e monopólio de 2 ou 3 estúdios americanos há um deficit de cinema arrojado no mundo. Não nego a sua existência. Reforço, no entanto, a ideia de que a sua distribuição é bloqueada por aqueles que gerem o processo de ponta a ponta, atafulhando por completo os multiplexes de filmes plastificados genéricos de simplória qualidade cinéfila. Tempos houve em que os estúdios arriscavam os chamados “alienígenas escaganifobéticos” na esperança de que o gáudio de um nicho pudesse contagiar outros consumidores e , quiçá, futuros apoiantes deste tipo de produções. Eram generosamente lançados nos canais de distribuição disponíveis na altura. E havia escolha. Uma multiplicidade de opções que, mesmo o mais monodimensional cepo consumia. Ora, nesta excelsa classe do “alienígena escaganifobético” cai Hell Comes to Frogtown, cujo epíteto  encaixa que nem uma luva. Vamos falar um pouco da história do último homem fértil do planeta cujos lideres, sapientes como sempre, lhe ataram uma bomba na gaita para que não pudesse ter comportamentos imorais. A sua função seria copular até ficar com o salpicão em carne viva e não perder tempo a embebedar-se ou a fumar. Haja decoro.

Explosão nuclear e o seu típico cogumelo. Uns slides de texto explicam que o mundo como o conhecíamos faz parte de anteontem e a humanidade está reduzida a um conjunto de tribos dispersas. Nestes 10 anos desde a obliteração global apareceram mutantes que vão controlando a humanidade que tem dificuldade em recuperar a sua dominância. Porquê? Dos poucos que restam apenas uma ínfima parte não é estéril e para piorar mais as coisas, um grupo de donzelas férteis, fartos seios e convidativo nalguedo é raptado pelo vilão de Frogtown, um sapo mutante capaz dos mais vis actos de malandragem. Sam Hell, Roddy Piper em versão ligeiramente badocha. Rúfia, fora de lei, malandrim, chico esperto, fodilhão compulsivo e badass. Prestes a ser enviado para os Gulags desta particular distopia pós-apocalíptica, descobre-se que é fértil, capaz de cobrir às dezenas de fêmeas por dia para garantir a continuidade da espécie. A sua missão? Acompanhado de duas jeitosas que lhe cobiçam o túrgido pepino do amor, vai a Frogtown salvar as donzelas para depois lhe meter os entrefolhos a cheirar a carne assada com o molho da paixão.

As coisas não são tão fáceis como parecem. Além de embelezar a sua narrativa em tons de sado-maso de cabedal, correntes e chibatadas no lombo,os realizadores optaram por criar uma química de Indiana Jones entre os seus protagonistas que sendo duas mulheres e um homem criam o típico formigueiro pélvico do instinto básico da procriação. Mesmo eu que sou pouco sensível às questões do amor e senti vontade de repopular o planeta. Mesmo antes de ver o filme, note-se.

Num filme onde o nutrimento intelectual de uma bela narrativa é substituído por carne premium, pouco se deve esperar na área da arte propriamente dita. Sandahl Bergman, a fabulosa deusa She e companheira maquiavélica de Arnie nos seus Conans, é a cientista sexy que nada mais almeja do que um pouquinho de amor aos empurrões. Aqui, em trajes menores, procura uma solução de sustentabilidade para o nosso amado planeta, sob a forma de management inteligente da gaita de Roddy Piper e da administração do suco da natividade.

Sapos mutantes humanóides altamente militarizados numa hierarquia Star Wars, permanente insinuação sexual, acção desenfreada sob todas as formas, cientistas em lingerie, mercenárias no cio, noviças de clito palpitante numa fila que dá a volta ao bloco por uma injecção de Piper, futuro nuclear pós-apocalíptico e o râncido humor de um homem que veio para procriar e mascar pastilha elástica e já se lhe acabaram as pastilhas, fazem deste clássico um poço de originalidade, inovação e arrojo dos tempos que já não voltam e ainda bem que para úlceras psicológicas já nos basta esta política fiscal.

Não é uma questão de eu aconselhar ou não o filme, porque ele é incontornável e omnipresente na autêntica cinefilia.

Não esqueçamos “The dance of the three snakes”

E o trailer:

Ou o filme todo, vá!

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2 Comments

  1. Ricardo JM Vieira

    Só para avisar que os vídeos do youtube que colocaste aqui, estão a estragar o layout todo. http://i.imgur.com/Ni92sQT.jpg

  2. pedro

    Obrigado Ricardo. Já está resolvido. Abraço!

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