Knocked-Up-

Ainda no ciclo “Mete-se Agosto”*, tive a oportunidade de rever este Knocked Up porque o Netflix sugeriu que seria boa ideia. A verdade é que eu já o tinha visto e não me lembrava de nada. A minha mulher decidiu que seria de ver porque tinha a jeitosa miss perfeição com aquele ar de quem nunca mandou um peido na vida, a loura chorona do Greys Anatomy, Katherine Heigl. E avisei-a que os sinais de alarme se amontoavam. Usei a minha voz mais sensual para a convencer. “Ó querida, mas é um filme de Judd Apatow”, “’‘morzinho, tens aqueles drogados todos que fazem sempre o mesmo filme, Seth Rogan e companhia”, “Fofinha, de certeza que nos vai esfregar com a esposa Leslie Mann nas trombas naquele clássico papel de dona de casa atinadinha com 12 filhos que é uma fodilhona compulsiva apesar de não admitir. Quer dizer, quem é que tem uma esposa chamada Mann, não haverá ali um trauma adormecido?” e finalmente “O filme tem quase duas horas e meia, por favor!… Não me faças isto… [chorei compulsivamente]”. Nada resultou e lá tivemos que meter play no caralho do filme.

Até entrarem os drogados é um filme normal, igualzinho aos outros, uma solteira que tem tudo excepto o amor. Apesar de não saber, é das coisas que mais lhe faz falta, esse amor Hollywoodiano que faz das raparigas mulheres. Para poderem largar o trabalho e dedicar-se aos 6 filhos no por do sol dourado do American Way of Life. E Heigl, nos seus afazeres diários de miss perfeição, sem um defeito que se lhe aponte, fode um dos tais drogados Apatow numa discoteca e aqui é que a porca torce o rabo. Não a Katherine Heigl, a porca conceptual da metáfora.

A partir do momento em que se dá ignição ao evento que vai conduzir a narrativa do filme, Apatow atira para a centrifugadora dois tipos de filmes. O habitual “awkward droganóide sucedâneo de SNL versão jovens nascidos nos anos 90” com a tal comédia romântica que tanto nos fustiga a existência pacífica que tentamos viver. Certamente terá alguns fãs, no entanto não lhe consigo encontrar o charme. Talvez eu não seja suficientemente modernaço ou esteja demasiado sóbrio. Não sei.

E com isto não posso dizer mais nada do filme porque foi neste momento que carreguei no stop e acabei prematuramente com esta palhaçada.  Não havia paciência e ainda faltavam duas horas do que seria invariavelmente uma agonia.

*Ciclo “Mete-se Agosto” Um homem tem que fazer ocasionais sacrifícios por amor. Não estou a falar em deixar a esposa pisar-nos escroto com sapatos de salto alto, manter o sorriso parvo ao levar com um strapon no cu ou ter acompanhá-la nas compras. Falo em pequenas cedências, as pequenas coisas nos fazem sair da bolha de conforto. Esta semana iniciei um pequeno ciclo com a esposa, numa altura mais descansada em que as crianças passam uns dias com os avós. Um ciclo de comédias românticas, vejam lá! Resolvi dar-lhe o nome “Mete-se Agosto”.