Por vezes ficamos a fatiar fiambre no Facebook, a pedinchar sugestões para um filmezito antes de ir para a cama, que nos enleamos em tramas supérfluos de listas de celebridades que fazem branqueamento anal ou dos tipos de melão que melhor curam a SIDA. E entretanto passam duas horas e vamos para a cama sem filme. Neste tempo perdido na névoa do “doce fazer nenhum” podíamos ter visto o Wolf of Snow Hollow, o novo filme de Jim Cummings, o jovem hiperativo reativo emocional psicótico realizador/actor/”faz tudo no seu próprio filme” que fez um brilharete com a curta Thunder Road que depois deu a longa Thunder Road.

E nesta época de filmes de terror, que é o ano inteiro, este crossover de estilos que envolve um lobisomem a esquartejar com bom e velho gore, um drama existencialista de um pai que não consegue acompanhar a sua recém-adulta filha, uma história de um filho que almeja chegar aos calcanhares do seu pai e um enrolar tudo isto em cerca de 80 minutos e ainda assim ser uma boa experiência. Sobra ainda espaço para amor de armário e a sempre latejante sensação de impotência para com um mundo que avança rápido demais para nós.

The Wolf of Snow Hollow, em português “The Wolf of Snow Hollow”, posiciona este jovem Jim Cummings num patamar de excelência, a entrar na recta do “cair em desgraça”. No que diz respeito ao personagem que interpreta no seu próprio filme, Cummings arrisca o typecast , que é um quase cópia da anterior personagem de Thunder Road. 

É de ver e chorar por mais. Afinal de contas perdem menos tempo que a ver um episódio de uma novela.

De acordo com o Léxico Xunga:

Ficar a fatiar fiambre – Expressão para quando o cinéfilo vem para o Facebook perguntar “Hey amigos, acham que deva ver este filme?” e entretanto gera-se uma conversa cuja duração excede a do próprio filme. No final o sujeito acaba por não ver o filme, por não ver enriquecida a sua experiência cinematográfica e fica com uma sensação de vazio equivalente à expressão “O que ando eu a fazer com a minha vida?”. Por vezes começa a pensar numa relação afectiva anterior que terminou não resolvida, bebe vodka e adormece a chorar em posição fetal no sofá  enquanto contempla o restos de pizza bolorentos e cotão do chão da sala que já não vê aspirador há 3 meses. Outras vezes não pensa mais nisso e vai à sua vida.

O excesso de “Fatiar Fiambre” confere com um quadro de leve depressão correspondente à fase “negação”, em que o cinéfilo pensa que quer ver um filme mas na realidade preferia inconscientemente estar a ver a telenovela da SIC.

Exemplo de utilização – “Em vez de ter visto o filme, fiquei a fatiar fiambre até à uma da manhã. A minha ex-namorada tem razão, sou um merdas.”