goldencompass

Há certos sintomas que nos fazem compreender que estamos a ficar velhos. O facto de se começar a consumir comprimidos como se fossem pintarolas, ter cuidado com a alimentação e dizer que a partir de amanhã vamos fazer exercício físico regular e deixar de achar piada a filmes de fantasia. Pelo menos aos filmes de fantasia mais light e “happy pink my little pony crap” como é o caso de Golden Compass, Eragorn ou outras trilogias a martelo. Claro que ainda gostamos da fantasia mais negra, como o “Labirinto del Fauno” ou dos telediscos de Tool. Mas dá-me ideia que acabará por chegar o dia em que corremos para casa para saber qual das gémeas vai ser atropelada por um homossexual toxicodependente  seropositivo testemunha de Jeová bêbedo no episódio final de uma novela da TVI.

A trilogia a martelo é um conceito saca euros muito em voga desde que Peter Jackson descobriu que por mais 20 ou 30% se podia transformar um filme em três filmes, fazendo tudo de uma vez e partilhando recursos entre as produções. E também acabam por ser todos estreados no Natal quando andamos mais abananados com tendência para acreditar em unicórnios, elfos, pai natal, duendes e no Bin Laden. Faz parte do pack conhecido como “Anestesia Natalícia”, que só acaba em Fevereiro quando recebemos a carta para pagar o IMI,  preencher os impressos do IRS, e nos arrependemos amargamente de ter fodido tanto dinheiro em merda na altura do Natal. E prometemos nunca mais repetir, até que a “Anestesia Natalícia” nos apanhe de novo.

E o filme? Bem, é uma merda sem jeito nenhum. Batalhas de ursos, animais generais de guerra, dimensões alternativas, etc. Só falta mesmo um porco a andar de bicicleta. O elenco escolhido a dedo luta pela audiência, mas facilmente nos perdemos numa narrativa atabalhoada, desequilibrada e confusa. Como se fosse obrigatório ler o livro antes de ver o filme.

Da secção: Alguém ainda se lembra deste filme?