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The Men Who Stare at Goats (2009)

“Homens que matam cabras só com o olhar”. É este, meus amigos, o título português de “The Men Who Stare at Goats”. Não concordo com a tradução, mas provavelmente foi a única frase de que se conseguiram lembrar que tivesse a palavra “Homens” e a palavra “Cabras” que não invocasse de imediato um imaginário de zoofilia ou um exército de pastores a arrombarem traseiros caprinos à força de vara carnuda. Ainda bem que não tenho nada a ver com isso porque, sinceramente, também não me vem à cabeça nenhuma tradução que não seja igualmente merdosa.

Mas se a ideia é para soar ainda mais estratosférico, tudo bem. A premissa destes homens e as suas cabras é uma unidade especial do exército americano que explora poderes paranormais (para anormais) dos seus soldados para fazer uma unidade mística de guerreiros xamã. A ideia é serem usados na busca de pessoas perdidas, missões secretas e operações fantasma. O narrador garante-nos no início que isto é tudo verdade. blink blink! Verdade ou não, nada disso interessa. Para ver ficção disfarçada de realidade basta-me ligar os noticiários das 20:00.

O que temos efectivamente para começar é uma equipa allstar de actores e uma premissa que é tudo menos vulgar. A narrativa é uma demanda obscura de difícil compreensão só parcialmente desvendada no final com uma forte componente de flash-backs intercalados para criar background, talvez numa proporção de 40%/60%. George Clooney desbobina nonsense que poderá até nem ser nonsense mas o mais certo é que seja nonsense e Ewan McGregor somos nós, o representante de cinéfilo dentro do filme a fazer as perguntas que gostaríamos de ver respondidas. Mas o certo é que Clooney fala tanto que não deixa o outro desgraçado enfiar uma pergunta ocasional.

Estamos perante uma obra invulgar, tanto na narrativa como na temática, num estilo tipicamente indie mas que parece ter um ligeiro desajuste na montagem final, falta de equilíbrio e um bocadinho de lógica que possa contrabalançar tanto New Wave, mesmo que seja para rir.

Eu gostei do filme apesar de não concordar, mais uma vez, com o final. É desconexo e metido a martelo. Já para não falar da cena final, que é de arrepiar os pelos dos tomates de tão bizarra.

Louve-se a coragem de trazer para a ribalta as operações comerciais e a vertente mercantilista da guerra do Iraque, nem que seja disfarçada de pano de fundo para não levantar sobrolhos na falcoaria. É bom? É. É fantástico? Não. Boa disposição, boa música. Apenas não nos apetece meter uma faca aos pulsos no final, e hoje em dia isso já não é nada mau…


2 Comments

  1. Joana

    aparece um filme em que tens “guerreiros jedi” , matança de uma cabra com o olhar, danças de salão com soldados num quartel e aquele olhar mortifero que é suposto ser o poder absoluto do guerreiro Jedi que apenas serve para fazer a paz… que mais se pode querer? dei umas boas gargalhadas com este filme! o final para ser perfeito perfeito, era o gajo ter ido contra a parede lolol já estava preparada para esse momento xD

  2. pedro

    Sim, os conceitos são muito bons, quase perfeitos. Mas foi mal atado. O gajo devia ter marrado com os cornos na parede e deveria ter, no mínimo, um parzinho de mamas. É que o filme é a festa da mangueira…

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