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Há uns meses, quando vi o Sicario, encontrei um vídeo da empresa que lhe fez os efeitos especiais com decomposição das camadas de componentes feitos a computador. Pensei “Chiça, que um gajo já não pode acreditar em nada”. Mostrava centenas de elementos que foram colocados em pós-produção que à primeira vista ninguém acreditaria que pudessem não estar realmente lá à altura das filmagens. Quer dizer, obviamente que fica mais barato sobrepor um esquadrão de helicópteros de combate do que construir réplicas ou alugar verdadeiros. Só que um gajo deixa-se levar pelo embalo do filme e não pensa nisso.

Na ânsia de o mostrar a uma malta amiga, contei a toda a gente. Quando lhes quis mostrar tinha desaparecido. *puf*. Tinha sido substituído por um vídeo a dizer que “por razões aos milhares, os senhores donos do filme que pagaram por esta brincadeira não querem que o povão se inteira dos segredos da faina.” Por outras palavras, claro.

Hoje fui à procura dele e está de volta. Passou a estreia, a award season, o lançamento em vídeo, o leak do Sr. Joaquim, e agora já são águas passadas. E aqui está ele para poderem ver. Vá, percam lá 4 minutos das vossa vida e já continuamos a falar.

E que tal? Impressionante, não é? Não tira nada ao filme, pelo contrário. Faz-me lembrar quando vi o making of do Forrest Gump, naquele fatídico dia em que percebi que a maneira de fazer cinema havia mudado. Não diria que radicalmente, uma vez que isto mais não é do que a extensão da tecnologia das pinturas mate e das sobreposições à Charlie Chaplin. Ainda assim a escala aumenta e consegue-se encher o olho sem magoar o orçamento. Eheh, encher o olho.

Em relação ao filme, digamos que foi uma bela surpresa, uma melancólica jornada de acção pelas heróis e pelas podridões de quem nos defende no escuro da noite e das leis. Uma bela fotografia em linha com o tema, a moralidade do lusco-fusco, o ténue limite entre a manutenção da lei e a mais vil filhadaputice. Um papel feminino de força, a fazer justiça àquilo que deve ser uma action hero feminina, uma mulher que não perde a feminilidade a ser heroína. Que chora e se emociona, que tem problemas diferentes dos homens, mas que é perfeita no seu papel de impiedosa combatente. Não é simplesmente um personagem masculino vestido de mulher que também mija em pé. O final é que… Boff. Nem sei, cada um sabe de si mas não me senti a terminar em apoteose. De resto foi Brolin a ser Brolin e Del Toro a ser Del Toro, que é sempre coisa linda de se ver.

Deixo-vos algumas imagens de mates à moda antiga para não darem a viagem por perdida.  Aqui.