Sentei-me para ver um filme. Uma história de amor de contornos alternativos, passada em Nova Iorque. Um filme independente da velha guarda. Virei-me para o lado para picar mais um torresmo da frigideira, e quando olho para o ecran outra vez estavam 3 homens numa roda de broche. Com uma intensidade que pareciam imersos num transe religioso de lambeta. Eu não sou púdico e muito menos homofóbico, mas ver um homem a enfiar 3 dedos no cu de outro enquanto lhe enverniza o escroto a cuspo é onde eu traço meu limite da tolerância.
É certo que o filme despido de toda o sexo explícito era um filme normal. Se calhar demasiado normal que era inserido naquele lote de filmes que pretendemos ver um dia, mas que na realidade esse dia nunca chegará. A inserção de hardcore pornográfico é o que o trás para a ribalta. Provavelmente gerou ódios figadais e culto instantâneo porque um filme mainstream com sexo explícito não é propriamente uma coisa que passe despercebida.
Sim, há um broche em Brown Bunny, há os Idiotas de Lars Von Trier e há umas putéfias e levar no pito em Baise Moi, mas nada de pinocada ponta a ponta. E bastante homossexualidade, devo acrescentar. Tal como disse não sou homofóbico, mas a visão de um homem a fazer um broche a ele próprio é algo que não me faz enfrentar o dia com redobrado vigor.
E que tal é o filme? Hã? Já me esqueci tal foi o brilho ofuscante deste concentrado de sexo que nalgumas partes me entusiasmou mas noutras fez com que o meu estômago criasse vida própria, empacotasse 3 mudas de roupa e se mudasse para Santarém com um rim que é primo afastado.
Pelo meio do insulto (devidamente) gratuito, uma crítica extremamente lúcida. Shortbus é banhada. Terrível a vários níveis. Daqueles que se tenta ver, mas não estamos propriamente a “ver” a coisa. Eu – acho que – não o entendi, mas isso sou eu que até gostei bastante da cobóiada homossexual romântica que foi Brokeback Mountain. A cobóiada aqui era outra…