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Surrogates (2009)

surrogates2009

O trailer eye candy é a arma de eleição para fazer um filme ter sucesso logo no primeiro fim de semana. Surrogates é uma adaptação de uma novela gráfica que falei aqui ontem. Nunca senti que pudesse ser um filme fantástico, no entanto sabia desde que ouvi falar dele que tinha que o ver. Mas no final do filme ficamos com a mesma sensação de quando ganhamos bilhetes na rádio para um concerto e quando chegamos lá afinal só canta o David Fonseca porque os artistas talentosos foram cancelados: é uma armadilha!

Ao contrário do livro ricamente decorado com dualidade e não linearidade, o filme chega-nos sob a forma pálida de um pedaço de entretenimento sem alma, sem sal, sem sabores distintos e sem pontos de interesse que possam ficam para a posteridade. É  o carregar de um template esbatido de tanto ser usado. Tiram-se as partes de riqueza narrativa e substitui-se tudo por porrada, destruição, efeitos especiais, perseguições, barulheira e tambores. Desafiam-se as leis da física com parvoíces que já não impressionam ninguém e quando tudo falha, uma explosão gratuita…

Apesar de ser figura de estilo, a falta de emoção é uma falha grave no filme. Nota-se que há falta de mestria na realização para criar o mundo frio que se pretendia. Não se diferenciam os dois mundos, online e a vida dentro de casa, não é dada a devida atenção à doença que é o vício institucionalizado em surrogates, não se percebe a insanidade que é este futuro obscuro que nos é aqui apresentado. O realizador e a sua equipa não souberam realçar estas pequenas nuances que são, no fundo, a alma do filme. (ou a falta de alma, neste caso)

Na realidade bastava seguir o livro como guião, não era preciso mais. A única coisa que se aproveitou foi a existência de surrogates e a sua filosofia genérica, a relação do Greer (protagonista) com a esposa e… Bem, mais nada. Elementos dramatico-depressivos foram inseridos para criar empatia com um público diferente do público-alvo do livro. A malta  que leva a gaja ao cinema quer fogo de artifício, pipocas e bebidas carbo gaseificadas com conteúdo insano de açucares, seja dos naturais que engordam ou dos sintéticos que provocam cancro.


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3 Comments

  1. Bruno

    por acaso… adormeci a meio do filme…

  2. Pedro Pereira

    Vi este ontem. Parece-me que a tua opinião se deve ao facto de conheceres aquilo que lhe deu origem. Eu não conheça o livro mas senti também a falta de substância no meio daquilo tudo. Fiquei com a sensação de ter acabado de ver um filme de acção, nada mais. Não era isso que esperava.

  3. Peter Gunn

    Mesmo sem conhecer a Graphic Novel original fui ver o filme, sem grandes ideias de que ia sair dali a obra prima do ano… e realmente não saiu!
    O filme revela uma falta de surpresa total nos acontecimentos que vamos vendo, em que qualquer espectador mais atento está sempre um passo à frente no guião… o que para um thriller não é mau… é péssimo!
    O Bruce Willis não está mau mas o resto do filme não é mesmo nada de especial. Como disse o Pedro Pereira ficasse com a sensação de ter visto um filme de acção e mais nada!
    A cena final do apogeu do filme, a lembrar o inicio da série FlashForward, está bastante bem conseguida pelo que aqui fica um dos poucos pontos positivos para quem quiser ir ver.

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