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Lock Up (1989)

Stallone Prisioneiro é o título português deste Lock Up, uma das mais gananciosas e ignorantes manobras de marketing da distribuição filmes em Portugal, criando uma fusão entre o universo real e ficcional ao meter o próprio actor, o senhor Sylvester Stallone, dentro da trama e capitalizar quantidades imensas à custa desta associação. Se ainda hoje somos um povo iletrado, imaginem à 21 anos atrás, quando comprávamos pulseiras magnéticas extremamente caras porque curavam todas as doenças, desde a unha encravada ao tumor cerebral, passando pela dermatite seborreica e pela caganeira assassina.

Apesar deste ser um filme em que Stallone tenta fugir ao typecast de Rambo e Rocky e ao estatuto de bronco musculado “mata comunistas”, os próprios produtores também nunca deixam que este typecast fuja para muito longe porque, convenhamos, é o seu ganha pão, numa altura em que a palavra Stallone no topo de um poster rendia multidões aos cinemas. Repare-se na capa que não tem absolutamente nada a ver com o filme e que invoca um imaginário Rambo e Rocky, do supra humano, do monstro de coração dócil.

O narrativa é simples e assenta a Stallone que nem uma luva. Um pobre desgraçado está preso e apenas quer cumprir a sua pena porque é um homem honesto que cometeu um erro e quer voltar para a sua esposa e ser uma mais valia da sociedade. Mas o chefe da prisão não concorda muito com isso e passa a vida a moer-lhe o juízo com o intuito de o apanhar em falso e prolongar a sua pena. Acontece que este pobre desgraçado é também um sanguinário assassino com capacidade fora do normal para a extrema violência que acaba por vir sempre á superficie quando lhe chega a mostarda ao nariz.

Um esquema bastante convencional montado por um good guy standard (Stallone) e um bad guy mau como as cobras (Donald Sutherland). Pelo meio um crescendo de injustiça, alguns mártires e o evento fatídico que despoleta o anteriormente referido “mostarda ao nariz”. Simples e eficaz, até porque a malta com 15 anos ainda não estava muito interessada no sentido da vida, excepto se fosse contada por ninjas ou tribos pós-apocalípticas em guerra permanente com elevada número de mortes, se possível por decapitação.

Sim, é o que estão a pensar, um Prison Break à bofetada! Mas desenganem-se os que pensem que é um filme idiota e desconchavado. Nada disso. Lock Up tem uma característica muito comum nos filmes dos anos 80 e também da próprio cinematografia de Stallone, que é a parte humana que nos faz acreditar que aquela pessoa é injustiçada e merece ganhar a sua causa, nem que para isso chacine 3 aldeias inteiras de crianças vietnamitas ou duas dúzias de guardas prisionais à bofetada. Não sei como o faziam naquela altura, mas tem um sabor inegavelmente analógico, aquilo a que convencionamos chamar de “nostálgico”.

4 Comments

  1. johnnie walker

    Sabes muito bem que sou um grande adepto do teu blog e uma das razões baseia-se no teu sentido de humor único. Algo que gostaria de ter, mas que infelizmente sou um pacóvio que tem que se contentar com o que Deus me deu: gonorreia e trissomia 21.

    Mas há algo de especial na frase: “Se ainda hoje somos um povo iletrado, imaginem à 21 anos atrás…” É aqui que se revela o teu humor mais inteligente, porque sabes perfeitamente que aquele “à” leva um “h” atrás e mesmo assim presenteias a plebe mais rasca com uma ironia gramatical fantástica que é juntar “iletrado” com um falso erro ortográfico. Falso, porque eu sei que tu sabes que teria que haver um “h” ali atrás…
    Continua o bom trabalho!

  2. Pedro Pereira

    Sempre achei uma parvoíce terem colocado o “Stallone” no titulo, fizeram o mesmo com um filme qualquer do Van-Dame que agora não me recordo. O filme não é nada mau, o Stallone sempre foi o melhor actor da classe dos musculados, opinião pessoal e possivelmente intransmissível!

  3. Linus

    Parei por aqui só para dizer “Feliz Anibersário”! E olha, hoje nasceu também a minha sobrinha! [desculpem a lamechice…]

  4. pedro

    Obrigado! Lamechice perdoada. Acho que todos nós já passamos por momentos em que nos sentimos assim. Felicidades à pequenita.

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