Todos estamos habituados a larguras de banda supersónicas, serviços web 2.0 que vieram tornar obsoleta a necessidade de saber ler mais de 140 caracteres de cada vez e interfaces gráficos tão pesados que nos obrigam constantemente a renovar o parque informático para fazer exactamente o que fazíamos há 20 anos atrás. Aceder a filmes no seu formato “não legal” é tão natural como respirar e mesmo aquele amigo que abusa da expressão “o computador está a pensar” e faz “remover hardware com segurança” para não apanhar vírus sabe como sacar uma cópia de boa qualidade do último blockbuster que foi lançado em DVD. Mas tempos houve em que não era assim, tempos antes dos blogs e das redes sociais, tempos antes mesmo dos sites dinâmicos em que o gif animado servia para colocar um símbolo “under construction” a rodar todas as cores do espectro em páginas adormecidas. O acesso a pirataria fazia-se pelos servidores de newsgroups (usenet) da Telepac.
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Andava eu calmamente a ver as novidades do mercado de Inverno do Piratebay quando levantei os olhos para o logotipo do site e em vez da imagem habitual estava Paulo Coelho, o escritor brasileiro. Por baixo a legenda “The Pirate Bay proudly promotes Paulo Coelho”. Duvidei dos meus velhos e cansados olhos. Será que todos aqueles anos de abuso de psicotrópico estariam finalmente a fazer os tais estragos que me falou o médico de família e aquela cartomante da Feira do Cavalo e da Beringela de Outil? Não, era mesmo verdade. Segui o link e fui dar ao blog oficial do próprio. É certo que já não lia Paulo Coelho desde que aquela noite de Inverno de 1998 quando me foi prometida uma noite de sexo de intensidade moderada se conseguisse produzir um resumo de “Veronika Decide Morrer” em menos de duas páginas, mas foi a primeira vez que algo escrito por ele não me provocou espasmos gastro-intestinais. Digamos que quase senti orgulho de um dia ter fingido gostar das suas crónicas do guerreiro da luz juntos das minhas amigas da Faculdade de Letras.
Há uns dias percorria os sempre hilariantes foruns de suporte da Zon quando me deparei com um fabuloso post onde um cliente se queixava que as boxs HD+DVR gastavam tanta electricidade ligadas como desligadas. A resposta pronta de um moderador oficial foi que “é necessário que assim seja para que o equipamento possa estar sempre pronto a gravar”. Um outro utilizador retorquiu,e com toda a razão, que já em 1986 os gravadores de vídeo faziam esse exacto trabalho sem precisarem de artifícios preguiçosos com o absurdo consumo das ZonBoxes. E neste argumento este prezado utilizador se viu desamparado, porque dos poucos utilizadores que sabiam sequer o que era um gravador de vídeo, não havia nem um que o sabia programar para gravação temporizada. O que me levou a este tópico que noto fazer falta na Internet: Rebobinador? Será mesmo necessário ou é mais um mito urbano?
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