rtp2

As minhas relações com a RTP2, ou o 2º canal como era conhecido, não começaram da melhor maneira. A razão do nosso desentendimento era a teimosia dos seus programadores em passar ópera e teatro. Ora, é verdade que são nobres vertentes artísticas que enaltecem a alma e possibilitam pequenas fugas à realidade que o nosso cérebro aprecia, mas para um miúdo de 5 anos não passa da uma parede de ruído sonoro e visual cuja única função é bloquear o acesso ao programa do Vasco Granja. Isto nos finais dos anos 70, início dos anos 80, quando o primeiro canal nos dava meia dúzia de horas de programação e o segundo nos massacrava o cérebro com velhas gordas a chiar e uns pastelões num cenário de cartão a tentar perceber quem matou o patriarca no jantar de Natal. Mas isto mudou, quando a RTP começou a passar uns filmes antigos (já para o final dos anos 70) que eu e o meu pai papávamos com redobrado deleite. Algumas das memórias mais felizes da minha infância (antes de entrar na primária) são os filmes King Kong e The Incredible Shrinking Man em que o meu pai me lia as legendas porque eu ainda não sabia sequer rabiscar o nome.

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