Haverá porventura algo pior do que um filme horrivelmente mau que inicialmente parecia bom? Haverá pior sensação do que convidar alguns amigos para uma noite de salutar convívio e no final tentar controlar a fúria dessas pessoas e a sua ânsia de nos ver amarrados a um poste, a ser apedrejados, enquanto chamas nos consomem a carne? E as desculpas? “Ah, pensava que era bom… Hehe! He!…”. E ao fundo a esposa do nosso melhor amigo, professora de Inglês, grita “Arde porco!…“.
É que esta coisa dos filmes tem uma dinâmica muito próprio. Por exemplo, quando aconselhamos um filme a um pacóvio qualquer e ele depois aparece a dizer que o filme era uma bela merda, damos por nós ali, pateticamente, a defender o filme como se fosse feito por nós. Ou quando dizemos “Este filme deve ser bom, vamos ver!” e depois aquilo descamba no pior pedaço de esterco de que há memória. Aí o pessoal diz todo “Pois, deviamos ter visto o outro…” e nós respondemos uma idiotice qualquer do tipo “Ah, mas só apreciamos a verdadeira arte se chafurdarmos no lixo ocasionalmente”. Depois toda a gente se ri, aponta para nós em escárnio e ocasionalmente somos espancados por aquela miúda franzina sem rabo que é a namorada insuportável de uma amigo de infância, e ao qual temos pejo em dizer que a namorada dele é uma putéfia pedante cuja única função aparente é ser comida por trás ou usar o seu nariz para cabide de casacos.
Este detrito cinematográfico ao qual algumas insistem em chamar filme engana ao início. Nos primeiros 10 minutos chama a atenção, tratando a instituição do casamento com algum desdém e usando as qualidades que as mulheres gostam de ver nos homens para fazer do género feminino um parque sexual temático. Mas bem cedo as coisas começam a correr mal, quando nos apercebemos, tarde demais, que isto vai embater mortalmente no mais lamechento filme de gaja da malfadada história dos filmes de gaja. Eles são uns fodilhões sem sentimentos e apaixonam-se. Depois, como todo o engate foi baseado numa mentira, tem aquele inevitável momento da decepção em que a moça não o quer ver mais à frente. Depois há a tentativa de reconciliação que ela recusa. Depois ele deambula pelas ruas, triste, ao som de um clone do “Don’t Cry” dos Guns’n Roses. Depois, no final, há um discurso glorioso e apaixonado em frente de várias testemunhas que fazem com que toda a maldade do mundo desapareça e a miúda corre para os braços do garanhão de lágrimas nos olhos. Nos mais ranhosos exemplares desta estirpe há um casamento no fim, invariavelmente ao ar livre e com todos os personagens do filme a acasalar como se a raça humana dependesse daqueles casais para sobreviver. Enfim, merda!
David Dobkin, o realizador desta obscenidade, é um gajo que, pelo currículo, não é muito dado ao trabalho. E compreende-se porquê. Fazendo-se valer de um gordo catálogo de clichés, entupio todo o filme com cenas que nos fazem dizer “Onde é que eu já vi isto?” ou mesmo induzindo o mais inexperiente cinéfilo numa crença de que é vidente, uma vez que consegue adivinhar com perfeição qual a próxima situação a acontecer. Owen Wilson é outro palhaço intratável e perfeitamente idiota. O horror completo. Podia ser pior. Podia ter aparecido com o macaquito amestrado Ben Stiller. Aí sim, seria novamente Hiroshima. As gajas são interessantes. No entanto fazem apenas os papéis da clássica musa que dá tusa e é a perfeição em pessoa e a tarada sexual sidekick que serve de fucktoy ao sidekick masculino.
Um bom filme para promover boa disposição 🙂
Eu adoro este filme, por mais que seja uma comédia pastelão a escrachada ! Ri demais !
Abraço!
Mas o filme tem pelo menos dois atractivos inolvidáveis: Diora Baird (mamas e das boas) ainda q só por breves instantes e Isla Fisher (não tão grande mas igualmente boa).
Lamento Joni mas segundo o Mr Skin a Isla Fisher teve uma dupla nessa cena.