bananas

Há uns anos atrás conheci um tipo que só via dois géneros de cinema: porno com gordas e filmes de porrada. Um dia encontrei-o em êxtase total, como se um orgasmo cósmico lhe estivesse a trespassar a espinha. Trazia consigo uma cassete VHS. Olhou-me emocionado e disse “Finalmente completei a minha colecção!“. Era um VHS original de Bananas de Woody Allen. Pensei “O que faz este barrascão com esta cassete?“. Inocentemente perguntei “Completaste a colecção de Woody Allen?”. Ele olhou para mim com aquela cara de camião carregado de tijolo e respondeu “Hum? Não. Sylvester Stallone. Este é o primeiro filme dele!”

Bananas é tipicamente Woody Allen dos primeiros anos, um cruzamento refinado de Irmãos Marx com o humor surreal de Monty Python, no estilo próprio que hoje lhe conhecemos, uma mistura ecléctica de cultura europeia com charcutaria.

Neste caso o débil e paranóico personagem de Woody viaja para a América do Sul em busca da sua identidade quando acaba envolvido numa revolução e guerra civil na fictícia república de Saint Marcus. Claro que quem ainda continua a ler isto é fan de Woody Allen e já sabe de trás para a frente a história de Bananas.

Curiosamente vejo este filme acidentalmente com bastante frequência, seja porque passa nos canais de Cabo, seja porque encontro o DVD a cada vez que faço arrumações ou porque me apetece fazer uma cura de desintoxicação de blockbusters. Um bolo com cereja no topo. Uma cereja cheia de esteroides e cara de puto ranhoso, a tal cena do Sylvester Stallone que incluo no final deste post.

E assim esta obra prima dos primórdios do engenho woodyalleniano fica completamente dissolvida na sombra daquele que é, segundo o meu amigo bronco, o primeiro filme de Sylvester Stallone. Mas na verdade o meu amigo estava errado. Bananas é o terceiro filme de Stallone. Mas ainda assim é notável que um rapaz que mal sabia ler e escrever soubesse pesquisar a filmografia de Stallone na época pré-IMDB. Dois dias depois deu-me três murros na cabeça só porque usei a expressão “Não vá o diabo tecê-las!“…