Big Boob Butt Bangers 4 é uma encenação de contornos eróticos destinado ao grande público. Conta-nos a história de algumas senhoras que, em 4 actos de sublime melodramatismo contemporâneo, passam por algumas situações de expressão de liberdade pessoal, numa cortante história de encantar. Elizabeth, Rod, Steve e Tanya são os pseudónimos dos génios de uma companhia mundialmente conhecida como Filmco Video, também conhecida por nos trazer obras grandes como Big Boob Butt Bangers 3, Anastasia’s Mature Gang Bang ou mesmo o imortal Blast My Ass 3.
Este é um típico “woman pic” que desmascara a crua realidade dos países de ex-influência soviética, através de uma mordaz sátira de contornos surreais, e quiçá eróticos, ao estilo de comédia de costumes. O realizador preferiu manter-se anónimo devido ao regimo proibicionista e perseguição política. Chamemos-lhe Jeremias. Ora, Jeremias optou por bordar o seu delicado rendilhado por actos, que apesar de parecerem independentes entre si, que quando repensados (ou vistos pela 17ª vez) permitem que o mais intelectual dos cinéfilos possa especular acerca desta denúncia e accionar mecanismos cognitivos avançados, também conhecidos como “erecção”.
No acto 1 e 2, Svenda e Natasha personificam heroicamente os gulags através uma resistência estóica e pura crença nos seus direitos como cidadãs, enfrentando 8 saudáveis sovietes armados apenas de cacete e pequenos frasquinhos de lubrificante à base de água. O uso de preservativo vem intensificar a ideia de que combatem o regime, ao não se deixarem conspurcar pelos ideias Marxistas fora de validade, recusando sempre engolir, preferindo cuspir a propaganda a que estão expostas, numa clara alusão às resistências que grande importância tiveram nas quedas destes regimes.
No acto 3, Helga encontra a sua amiga Natasha para uma reunião secreta de confraternização da resistência. Negando os princípios capitalistas, despem as roupas como protesto sonoro. A arte de lamber, as cumplicidades entre as duas mulheres, confrontadas com a vida e a morte, tudo contribui para um alheamento do mundo real, isolando-as numa espécie de redoma de sentimento e de beleza silenciosa.
A aparição do cavalo simbolicamente excitado representa a força da massa trabalhadora, que mesmo depois das mais vis sevícias se aguenta de pé, até à morte. Penso que o uso do cabedal e algemas de aço são apenas técnicas de publicidade, tentando promover as indústrias nacionais. O efeito subsconsciente destes materiais leva o cinéfilo a procurar estes artigos para, também ele, promover o crescimento da nação enquanto potência industrial.
Veredicto: Uma densa trama intrínseca em que o não-dito tem mais importância do que tudo o que se geme por lá. Uma lição de esperança em prol de um futuro mais sorridente. Um hino à feminilidade e às utilidades alternativas do cavalo.
LOL! Brilhante! Se não fosse o título, com essa conversa toda enganava-se qualquer um a achar que era um filme dito normal. 😛
Critica sublime! Espero que uma obra deste calibre conheça edição em DVD da Critterion!
Este texto confirmou a minha teoria que se o critico de cinema se esforçar até consegue vislumbrar significados metafísicos e ocultos nas obras de Steven Segal ou Uwe Boll 😀
Cine31 – o Uwe Boll e o Steven Seagal têm de ter qualquer coisa de metafísico.Só pode. Ninguém me convence do contrário. Agora esta crítica é um monumento, excelente sátira. Confesso que foi a foto que me chamou a atenção.
Mas o texto justificou.
Tenho de confessar que me dei ao trabalho de “descarregar” esta obra-prima (em 22º grau) do cinema XXX. Demorou mais que descascar um diospiro maduro com machado rombo (por causa das limitadíssimas seeds) mas consegui. E após o visionamento de um filme que devia ser a enésima cópia de VHS (ao nível dos vídeos do Arquitecto) concluí que tudo o que foi escrito aqui foi escrito sob o efeito de uma substância psicotrópica que recomendo vivamente a qualquer pessoa (onde arranjaste disso, pá?).