Apesar do cinema independente americano ser uma fonte de agradáveis surpresas, também é certo que por vezes há filmes que nos fazem lembrar um cão a perseguir a sua própria cauda. Sunshine Cleaning é uma soma de bons ingredientes de um filme decente, mas que as deficiências narrativas e o excesso de depressão nos forçam atirá-lo para os pântados do eterno esquecimento cinematográfico.
É mesmo o excesso de depressão / deprimidos que irrita neste filme. Todos coitadinhos, desgraçadinhos como as lésbicas seropositivas grávidas orfãs sem-abrigo e desempregadas da saudosa série Riscos da RTP. A juntar a esta desolação emocional temos ainda uma galeria de personagens secundários “alternativos”, criados propositadamente esquisitos, com paranóias e obsessões psicadélicas apenas por razões estéticas.
Ora isto não faz um bom filme, apenas um bom ponto de partida para um filme prometedor. Mas é pena que Sunshine Cleaning tenha dado um mau filme, porque tenho a certeza que daria uma excelente série de TV. Duas irmãs devastadas pela vida criam uma empresa de limpezas especializada em cenas de crime. A cada episódio uma história de um pós-crime ao mesmo tempo que tentam balançar a sua frágil vida social e familiar. Era uma choradeira pegada, bom para gajas, mas que os homens também iriam seguir para lhes ver as mamas de soslaio ou pela violência que teria que aparecer, pelo menos, uma vez no início de cada episódio.
Resumindo, não é grande coisa…
Pelo que agora vejo, posso dizer que este não é o primeiro filme que aparece com um argumento baseado em limpeza de cenas de crime. Lembro-me de ter em VHS (por acaso nem sei onde para actualmente) um filme de 1996 chamado “Mata que nós limpamos o sangue” produzido (ou cu-produzido sei lá) na altura por Quentin Tarantino e que era uma especie de “Spin off” da história da taxista que transporta o Bruce Willis no mítico Pulp Fiction. O filme não era nada de excepcional mas merece bem uma olhadela às paranoias da taxista completamente viciada na morte…
Cumprimentos