Há na vida certas situações que sabemos que vão ser extremamente desagradáveis e ainda assim avançamos. Como ir ao Joshua’s comer uma Pita Shoarma e saber que vamos andar a tarde toda com um arroto mortífero capaz de sugar a vida a qualquer criatura que se atravesse no seu caminho. Ir jantar a um restaurante indiano e saber de antemão que daí a meia hora temos as labaredas do inferno a subirem-nos pelo esófago acima sob a forma do mais abominável refluxo ácido, capaz de criar bolas de cuspo que dissolvem 3 pisos de betão. Ou ir ver uma adaptação cinematográfica de uma BD da Marvel, que sabemos que nos vão doer os tomates de tanto rir, apesar de não ser uma comédia.
A adaptação de um super-herói ao cinema não é tarefa fácil porque a aproximação que os cineastas fazem está errada. É sempre a mesma história: um mundo normal, igual ao nosso, e de repente aparece um tipo de ceroulas apertadas e brilhantes a dar mortais empranchados com duas espadas na mão ou, neste caso, um motoqueiro cuja cabeça é um crânio em chamas e a sua mota é uma chopper com caveiras metalizadas também toda ela envolta em labaredas. Apesar de ser uma tarefa inglória, esta transição deve ser também executada com um andamento muito cuidado, de modo a parecer o mais natural possível. Mas isso nunca acontece. Neste Ghost Rider o personagem é apresentado do modo mais patético, desconjuntado e vergonhoso.
A minha experiência com os cómics de Ghost Rider é apenas de um livro, Trail of Tears, que explica a origem do Ghost Rider no tempo do velho Oeste e da guerra civil americana. Não tem motoqueiros e a história escrita genialmente por Garth Ennis fala de racismo, injustiça, exploração de imigrantes, extinção dos indígenas, um país em caos e anarquia e o início do controlo da terra prometida pelas corporações. Uma profunda narrativa envolvente que nos faz desejar que nunca seja adaptada ao cinema.
Ghost Rider é um projecto fetiche de Nicholas Cage. Foi despachado abruptamente sem profundidade, focando toda a atenção nos efeitos especiais, direccionado para retardados adoradores de fogo de artifício. A narrativa é apenas o suficiente para estar um passo acima do filme mudo e a história de amor só não provoca o vómito por causa da roupinha justa da Eva Mendes que nos coloca a imaginação a funcionar. Apesar do foco ser a caveira em chamas, ninguém se consegue abstrair da imagem da Eva nua com a manteigueira incandescente.
É verdadeiramente um filme horrendo, pautado por más interpretações de actores que apesar de terem algum mérito foram dirigidos com falta de mestria. Duas horas é agonia a mais para tal degredo, pelo que optei em fazer alguns fast forwards cirúrgicos no intuito de manter a minha integridade física e evitar a morte por tédio. Já me diverti mais a observar pinheiros no seu habitat natural.
Para que não dêem por perdido o tempo que passaram a ler este texto, deixo-vos a foto mais nua que consegui encontrar de Eva Mendes. Mas lembrem-se que ser apanhado no local de trabalho com as calças arreadas e o som abafado de respiração ofegante nunca garantiu grande sucesso profissional nem boas cartas de recomendação.
vi outro dia… que grande merda…
Pah, obrigado pela foto da Eva! Sempre ajuda a animar o resto da tarde de trabalho que aí vem.
Lembro-me de uma adaptação (julgo não consentida) de uma personagem da Marvel que não me desiludiu, o Punisher. Não este com o Travolta, mas aquele lançado nos gloriosos anos 80, anos em que a Cannon destilava porrada para os nossos leitores de VHS. Ah saudade!
Sobre o Ghost Rider, só me ocorre: cócó
Sim, sei qual é. O Punisher de 1989 com o Dolph Lundgren.
O Cage de vez em quando mete-se em cada uma…
Nem me lembro se chega a comer o pito à Eva, se sim, está tudo explicado!
O filme é das piores adaptações para o grande ecrã que a BD tem!
Abraço
http://nekascw.blogspot.com/
Eu tentei ver esta bosta DUAS vezes! What’s wrong with me??!!
P.S. – a primeira vez desisti antes da metade, e segunda deixei-me dormir…
Realmente… esta é das piores adaptações de sempre da BD…
anda +/- pelo mesmo nível do Daredevil… aliás… talvez este tenha uns pontinhos a mais, pois a Eva Mendes tem bem mais febra que a Jennifer Garner
Adorei a montagem que está no inicio do texto! E a foto do fim também não está mal! 😀