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The Imaginarium of Doctor Parnassus (2009)

Apesar de haver no cinema imensos hábeis artesãos, técnicos competentes, contadores de histórias natos e visionários subversivos, o certo é que génios há poucos. Na realidade eu só me lembro de um colectivo de génios que revolucionaram as imaginações mundiais há mais de 40 anos, fazendo algo que ainda hoje é desafiador e incompreendido. Monty Python, os criadores da cómédia que efectivamente tem piada, alteraram por completo o paradigma do humor. O efeito ainda hoje nos brinda com a ocasional obra de arte pelas mãos daquele que é considerado o Monty Python invisível: Terry Gilliam.

Terry Gilliam é aquele realizador que não hesito em seguir cegamente, um profeta do celulóide, por assim dizer. Nunca conheceu o estrelato universal nem é nome de proa nos box offices e ainda bem. Assim meio mainstream meio indie é capaz de fazer aquilo que realmente idealiza. Obras intemporais e verdadeiramente sublimes como Fear and Loathing in Las Vegas, Twelve Monkeys, Brazil ou The Adventures of Baron Munchausen nunca passariam incólumes pelos filtros de imbecilidade e ganância dos grandes estúdios. Tudo o que este homem toca é, quanto a mim, ouro.

E com isto chegamos ao seu mais recente tomo. The Imaginarium of Doctor Parnassus é um filme que viveu momentos bastante conturbados, uma vez que Heath Ledger morreu a meio das filmagens. Com apenas meio papel filmado, teve que ser usado um artifício narrativo (bastante engenhoso, por sinal) para que o seu personagem pudesse ser interpretado por várias pessoas, Johnny Depp, Jude Law e Colin Farrel.

Acredito que o filme seja um resultado diferente da visão inicial de Gilliam, mas o acrescento de algum surrealismo só lhe veio dar mais brilho. O filme fala-nos de um homem, Parnassus, que fez um pacto com o diabo e é agora imortal. Mas o resultado de sucessivas apostas com o diabo veia alterar por completo o rumo da sua vida. Parnassus viaja com a sua filha e dois ajudantes num teatro itinerante em que as pessoas são convidadas e entrar num mundo onde a imaginação se transforma em realidade. Às vezes corre bem outras nem por isso.

Visualmente nota-se que uma produção com estas caracteristicas poderia beneficiar de uns trocos extra para melhores efeitos especiais, mas ainda assim não desiludem. O filme é muito visual, ao estilo das primeiras animações que Terry criou para os Monty Python.

O elenco está muito interessante. Além do personagem com múltiplos actores temos o genial Parnassus, um Gandalf do século XXI, o anão que fez de mini me no Austin Powers, meia dúzia de actores genéricos e Lily Cole. Ora aqui está uma musa interessante. Esta miúda é muito bonita e especialmente bem feitinha, como fotos dela totalmente nua na Internet podem atestar, mas a sua cara é de tão surreal beleza que parece quase um personagem criado por computador. Uma tão bizarra beleza que enquadra que nem uma luva no total.

Eu sei que há muita gente que não gostou. Ora porque não compreendeu ora porque não apreciou tamanha quantidade concentrada de imaginação. Para esses deixo um ditado popular que ouvia frequentemente da peixeira que passava por casa da minha avó: Ide levar no cuzinho!

9 Comments

  1. cine31

    a peixeira tem sempre razão!

  2. Linus

    Ainda bem que falaste do Barão Munchausen, uma personagem para mim mítica, tendo lido o livro ainda gaiato (com ilustrações de Doré, nem mais) e tendo adorado a adaptação de Gilliam ao cinema.

    Parnassus é um filme lindíssimo, onde o equilíbrio entre realidade e ficção é quase perfeito e, principalmente, onde é feita uma ode à imaginação e à arte do “storytelling”, mister dos realizadores.

  3. João Carvalhinho

    Sim… mas não vejam o filme numa sexta feira à noite depois de uma semana de cão. pode ser tudo o que quiserem descrever dele… mas sem o mood correcto… não passa de uma sucessão de cenas maradas sem nexo nenhum onde é difícil encontrar uma ponta de uma história interessante para contar. Vale sem dúvida pela imaginação do imaginário, pelo desempenho dos actores (e aqui digo mesmo de todos até dos figurantes) e pelos pequenos pormenores de contexto que até na última cena (um diabo a dar uma maçã a uma freira) são um verdadeiro mimo.

    E quanto a ela… pode ser super sensual, mas há algo na cara “larga e espalmada” dela que não me deixa dizer que é bonita… simplesmente não deixa.

    Já agora estive indeciso entre este e o kick ass… para uma sexta feira mais valia ter ido ver o outro…

  4. johnnie walker

    Só para meter nojo, a Lily Cole anda no mesmo College que eu: King’s College na Universidade de Cambridge. E adiciono que a beleza dela no dia a dia é demasiada estranha, mas fuckable…

  5. pedro

    Se a vires por aí, na cantina ou nalgum daqueles clubes que acaba sempre em deboche, diz-lhe que há por aqui uns tugas que não se importavam de lhe passar um oleozinho de amêndoa amarga pelo lombo.

  6. johnnie walker

    putas e binho berde é o que a gente quer…sempre…

  7. Peter Gunn

    Ainda não tive oportunidade de ver este ultimo filme do mestre mas espero faze-lo em breve.

    Só queria mesmo deixar uma pergunta daquelas complicadas para quem gosta da obra do Terry Gilliam e em especial para o Pedro claro, ainda para mais depois daquela frase que se encontra na crítica (Tudo o que este homem toca é, quanto a mim, ouro).

    O que achaste dos Irmãos Grimm?

  8. pedro

    Olá Peter, velho companheiro destas andanças! Sabes bem que a tua pergunta apanhou o nervo ciático da minha lógica, porque anula por completo a tal frase que transcreveste. De facto, nesse ponto, nem tudo o que o mestre Gilliam faz se transforma em ouro, uma vez que eu não sou especial fan dos Irmãos Grimm. Na altura vi o filme sem me aperceber que era dele e chorei rios de lágrimas de desilusão mais tarde. Mas na arte da avaliação não podemos deixar que uma célula infectada estrague a beleza do todo e eu tenho a tendência para apagar involuntariamente esta memória. Na altura em que escrevi este post tinha os filmes todos a rodar à volta da cabeça, mas esse não!

  9. Peter Gunn

    Ok estás desculpado. O filme dos Irmãos Grimm é realmente apenas um pequeno precalço na grande obra cinematográfica que o Terry Gilliam já fez e mais que não seja serve de bitola para nós vermos o quanto bom o mestre consegue ser ao compararmos alguns dos seus fabulosos filmes com essa outra “obra” menor hehe.

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