Cada vez mais o mundo se leva a sério. Demasiado a sério! É um sinal dos tempos. Ninguém gosta de ser menosprezado, existe uma tendência de dar valor demais coisas que realmente não o têm. Olhem o cinema actual, por exemplo! Mais do que filmes que se levam demasiado a sério (e logo aí perderem toda a piada), temos exércitos de pessoas que os levam a sério só porque o marketing ditou que assim tinha que ser, e depois têm medo de parecer menos inteligentes, eloquentes ou enciclopédicos que os seus compinchas. Mas felizmente que essa tendência não é globalizante. Filmes como Piranha, Machete ou este muy british Severance vêm demonstrar que o cinema divertido, descomprometido e de qualidade não está morto, ao contrário dos seus personagens que aparentam alguma dificuldade em manter a sua integridade física, seja por perigo de degolação, mutilação, perfuração severa ou traumatismos múltiplos provocados por objecto contundente, condição normalmente conhecido por “facada no lombo”.
Os funcionários de uma multinacional do armamento são enviados para um retiro de confraternização nas mais longínquas matas da Hungria. No entanto, um desentendimento com um motorista de autocarro de personalidade fogosa provoca o abandono do staff no meio da mais densa floresta. No escuro, sem carro, sem comunicações, sem maneira de se defenderem, perdidos e assustados com barulhos bizarros. E daqui até ao mais surreal festim de carnificina é um passinho.
Severence faz sua a política do cinema de série B, que é o “Porque sim!” à resposta “Mas porquê?”. O buildup é quase instantâneo e as condições humorísticas que o rodeiam fazem perdoar toda a falta de lógica. O que acaba por ter toda a lógica, diga-se. O esquema “X pessoas entram, apenas o casal (e talvez um sidekick) saem” aplica-se aqui perfeitamente num divertido filme de série B que apesar de não ser extremamente original, tem mamas. E mamas, como todos sabemos, é um conceito que faz perdoar as mais vis atrocidades, seja o deslize na conta do cartão de crédito, seja a completa destruição de todo o património familiar acumulado ao longo de 5 séculos.
Como pontos positivos temos a melhor utilização de uma armadilha para ursos alguma vez vista em cinema e duas strippers presas numa cova, cuja única possibilidade de fuga reside em usarem peças de roupa para fazer uma corda. E com isto vos aconselho a ver um filme de terror britânico que não torture porn, coisa que já vai sendo raro de se encontrar actualmente. Peguem nas pipocas, desliguem o telemovel, o facebook, o messenger, o twitter e o caralho a sete que vos distrai 10 em 10 segundos das coisas realmente importantes e toca a ver o que realmente interessa: matança!…
Sim também já vi esse filme e não lhe dei muito valor até. Vi num TVCine e achei-o louco e maioritariamente mau. Para série B não cumpre também mas como filme serie (até) Z… tem as suas valias. A cena das gajas terem de fugir do buraco pelas próprias roupas (nuas) é mesmo a mais cativante. Escapa.
Fui lá pela descrição. Vi-o há alguns anos quando dividi casa com um viciado em cinema de terror. Ainda bem que alguém lhe dá valor, na época também recordo-me de ter-mos dado umas belas gargalhadas.
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Pedro Pereira
por-um-punhado-de-euros.blogspot.com
filmesdemerda.tumblr.com
íamos ver um filme na noite de bruxas, depois de jantar (e de dar o sporting) e sugeri este. fui corrido a alcatrão e penas, e o filme escolhido acabou por ser o resident evil: não sei quantos.
Fiquei bastante curioso para ver isto.
Boa crítica, já vi este filme à coisa de uns anos e achei lhe uma certa piada também, pois aprecio este tipo de filmes que misturam humor negro e terror.
Cumps