Numa altura em que o marketing corporativo dos grandes estúdios de cinema faz lobby constante para passar a ideia de que a qualidade de um filme se mede pelo orçamento e box office, já poucas são as pessoas que se aventuram por obras de orçamento reduzido temendo que a equação hollywoodiana da relação/qualidade tenha alguma veracidade. Mas o certo é que não tem. A capacidade de encantar o cinéfilo com um bela narrativa nada tem a ver com o orçamento e os meios envolvidos. E uma prova desta afirmação é o fabuloso filme The Man From Earth, um filme que ficção científica que conta a mais cativante história de sempre. É passado numa sala e consiste num amigo que conta a sua história de vida aos seus amigos. Só diálogos e imaginação para criar a “greatest story ever told”.
Um professor universitário junta os seus colegas para se despedir. Depois de 10 anos tem que os abandonar. Fala-se do passado e alguém chama a atenção de que ele não envelheceu nada nos últimos dez anos. Depois de algumas esquivadelas e tentativas de fuga o professor acaba por confessar que tem 14000 anos, que é dos primeiros humanos (Sapiens Sapiens) que habitou o planeta. Inicialmente encarada como piada e exercício académico antropológico, pouco a pouco a história vai contando consistência e os amigos começam a ficar convertidos àquela improvável historieta.
The Man From Earth é, como se disse anteriormente, um filme parco em meios. Uma cabana, actores que são claramente criaturas do teatro, iluminação suave à lareira e 90 minutos de explosão criativa. No entanto o argumento é uma coisa absolutamente viciante, tornando impossível uma pausa a meio do filme. A história que acompanha o nosso personagem desde a época Cro Magnon é uma História alternativa da civilização, rica em detalhe histórico além de injectar algumas teorias que nos fazem rever com outros olhos a nossa própria existência.
Religião, civilizações e segredos negros mantêm o espectador na ponta da cadeira. Tem tanto de complexo como de “como é que ninguém pensou nisto antes?”. Sabe bem de vez em quando e é bom saber que existe esperança para quem se quer aventurar no cinema. Basta perseverança, imaginação e uma boa ideia. Contrariamente ao que se diz por aí, não é preciso castings de felácio nem uma hora de sodomia com os produtores. Basta um pulso forte e resistente.
Ainda não vi.
Belo blog.
Cumprimentos cinéfilos!
O Falcão Maltês
Vi ontem.
Grande filme!
Obrigado Lorde Xunga!
At your service!
É assim tão porreiro?
pronto… vou pedir “emprestado”
Já vi há alguns anos atrás. Estava muito bem classificado no imdb e fui na conversa. Conforme afirmas é uma produção teatral low cost e a mais valia é o argumento (especialmente os diálogos/temas abordados) que desemboca num final algo surpreendente.
Inicialmente estava à espera de algo fora da cabana ou “out of the box”, mas depois percebi que esse não era o rumo que o filme ia tomar.
Também vi este filme há uns anos, é raro haver filmes que vivem exclusivamente do argumento e dos actores. Final surpreendente que me fez gritar bem alto “JAAASUS!!!” 😀
Também o vi há uns anos, e entretanto até já o revi (passei os olhos por ele no pc, quando o organizava, e naquela fui rever uma ou outra cena e acabei por ver o filme todo outra vez). Daí que concordo e identifico-me contigo, o filme é absolutamente viciante, seja pelo argumento em si, seja pela forma simplista (não básica) como enquadra e cede espaço à história e aos seus personagens. Muito bom, e de facto, dá uma bofetada em muita gente (hey Hollywood) – com pouco se faz muito, e se faz uma belíssima experiência cinematográfica.
Cumprimentos,
Jorge Teixeira
Caminho Largo