leidagravidade

Não sou apologista das reviews a curtas metragens porque é um exercício redundante a vários níveis; não é a minha especialidade, a curta é um submundo próprio que a plebe (onde me insiro) pode apreciar mas a cultura é profunda e muito bem caracterizada Ora, desta vez irei abrir uma honrosa excepção para uma película que vi no festival Caminhos do Cinema Português aquando da sua passagem por Coimbra. Uma curta entitulada de A Lei da Gravidade que deambula pelo forte filosofar que tantas vezes nos massaja as têmporas com as eternas dúvidas acerca do cinema português, da sua qualidade, do seu passado e futuro.

É um filme que tem a virtude de resumir com preocupante detalhe as palavras de nos tendem a faltar em relação a este tema, colocando um tuga comum (Tugas Comunis) assolado por não haver cinema comercial português como em Hollywood, a dizer que é tudo uma seca e depois percebe-se que pouco conhece ou vê, frente a um estrangeiro lusófono, que defende a identidade do nosso cinema, argumentando com copiosos exemplos, fazendo-nos perceber o quão únicos são alguns dos nossos cineastas.

E ficam ali, frente a frente, no hall de um velho prédio. A discutir estes conceitos com bela cinematografia e um som que é um mimo. Por vezes analisam o cinema e outras vezes dissertam pelo meta-cinema, pelas sua própria razão de existir. O estrangeiro em êxtase enquanto desfila os grandes, e frequentemente esquecidos, autores da nossa cinefilia e o tuga aborrecido porque não há suficientes gajas semi-nuas a abanar o nalguedo enquanto um bando de pilantragem despacha balázio e explode tudo em super-slowmotion ao som de fat beats de hip hop manhoso.

Procurem-no junto dos criadores, porque não me parece que seja uma curta que possa ser encontrada em público, um dos frequentes requisitos para entrar em festivais.

Facebook do projecto: https://www.facebook.com/leidagravidadeshortfilm/

CinemaXunga @Caminhos Film Festival 2015 (em colaboração com a revista Take). Atrasadíssimo, diga-se!