Não é raro que alguns prodígios de áreas técnicas de Hollywood assumam o leme de projectos pessoais de modo a poderem expandir as suas capacidades, em vez de ficarem à mercê dos realizadores. Não costumam ser projectos rentáveis mas são quase sempre divertidos e memoráveis. Como Dark Crystal de Jim Henson e Frank Oz, Maximum Overdrive de Stephen King e este Pumpkinhead de Stan Winston.
Stan Winston é mais conhecido como o mago das criaturas, tendo criado efeitos especiais animatrónicos para projectos como Aliens, Predator, Terminator 2 ou Jurassic Park. Recentemente ainda fez uma perninha em Iron Man ou Avatar. Apesar da sua morte em 2008, a sua obra permanecerá imortal através dos tempos.
Pumpkinhead foi a sua experiência como realizador e conta a história de um homem (Lance Henriksen) que invoca um monstro demoníaco para chacinar um grupo de teenagers que lhe mataram o filho num acidente de motociclismo. Tendo ele próprio testemunhado a fúria desta besta em criança, Lance assume-se como o carrasco de uma abominação que uma vez lançada só para quando estiverem todos mortos.
Apesar de ter nascido no pináculo do fervilhante panorama do terror americano dos 80s, Pumpkinhead é um filme diferente. Diferente em tom, atmosfera e dinâmica. Não tem o intenso bodycount dos seus contemporâneos nem o grafismo gore que à altura fazia moda. Pumpkinhead apoiava-se na criatura gigante, a marca do mestre Winston, para criar o ambiente de horror. Uma criatura que aparecia em grande proeminência, bem feita e assustadora. Não era a habitual sombra escondida para disfarçar o baixo orçamento e só aparecia um minuto no fim sempre no escuro. Era uma bela e articulada criatura. Feia e ameaçadora.
A partir do segundo acto, Stan leva-nos para um mundo de fantasia do folclore do interior americano, com bruxas, florestas amaldiçoadas e criaturas místicas. A fotografia é fenomenal e as cenas de exterior são filmadas como se para o objectivo do Oscar se tratasse.
Não é um filme leve nem divertido. Incorpora o remorso das mortes e dá uma dimensão mais profundo do que era habitual no género. Henriksen fornece as sombras de cinzento que este personagem pede, numa época de preto-e-branco moral e emocional.
Dito isto só vos posso aconselhar. As sequelas nunca vi e já nem sequer me acho com energia para as ver nem tempo para perder. Vejam vocês e depois digam-me se foi bom. Acreditarei nas vossas palavras.
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