Há imensos relatos de filmes que foram os primeiros a usar CGI. Durante os primórdios da tecnologia digital, os estúdios correram para usar este modernismo que lhes permitia usar como arma de arremesso mercantilista este soundbyte gostoso. Todas as pessoas cuja idade aconselhe um toque prostático ou cuja menopausa avance por si adentro como um incêndio em mato seco têm esta experiência.
Recentemente ouvi no podcast Sala Azul um dos seus anfitriões, o Sérgio, dizer que o chavão publicitário para enfiar o pastelão Dune pelas goelas dos portugueses adentro na RTP de 1787 foi “O Primeiro Filme, oh meu Deus, a Ter Efeitos Especiais a Computador”. Chamemos-lhe um OPFATEEAC. Vamos então elencar aqui alguns, sempre cientes que as listas nunca estão completas. Comecemos pelo caso do Sérgio.
Dune (1984)
Diz o Sérgio que a RTP lhe mentiu com os dentes todos ao afirmar à boca podre que Dune foi o primeiríssimo filme a usar CGI. Suponho que tenha sido na cena dos olhos azuis, nunca saberemos. Provavelmente o responsável por esse texto já terá morrido porque todos os funcionários da RTP têm uma idade média de 89 anos.
Young Sherlock Holmes (1985)
Conhecido neste jardim à beira mar plantado como O Enigma da Pirâmide, foi publicitado originalmente como mais um filme ao estilo de Indiana Jones ou Goonies. Era o que estava a sair e dizer a verdade em marketing é como ir ao dentista no Minho, uma utopia. Ora havia nesse filme uma luta com um cavaleiro feito de vidros altamente geométricos de um vitral que se dizia ser a primeira, seja ceguinho, primeiríssima, que Deus me leve se estou a mentir, cena feita a computador. Trabalho da Pixar, diga-se.
Star Trek II: The Wrath of Khan (1982)
Mas calma, esperem. Este é anterior e tem uma cena final que, dizem, é a primeira a usar computadores para ser criada. No final do filme um planeta é vitima do Genesis. Basicamente é uma terraformação, transformar um árido e inóspito astro terroso e morto num local aprazível para a vida humana. Um pouco como fizeram os portugueses com a zona do parque Expo, em 1998. Essa cena, rudimentar e primitiva aos olhos do milenial fanfarrão, foi um abre olhos sumarento para muitos miúdos que como eu viram aquele irreconhecível desenrolar perante os seus olhos molhados de salgadas lágrimas.
Tron (1982)
Então e o Tron, Pedro? O Tron Pedro foi também essencial e é tido em muitos manuais de “Livro dos filmes que foram o primeiro filme feito a computador” como o primeirínho. Talvez não seja, de certeza que não, lol claro que não. Mas a sua influência e a sua marca visual deixaram-no nos anais (eheh anais) da tecnologia em cinema. Opinião pouco popular: Se não tivesse esta vertente CGI ninguém se lembraria dele hoje.
The Last Starfighter (1985)
Sim, sim é tudo muito lindo. Mas e o primeiro filme a usar 3D CGI? Não terá sido a batalha final de Last Starfighter com naves 3D super brilhantes a fazer lembrar chumbo derretido? Foi a primeira vez usado para aumentar a escala de uma batalha fazendo copy paste. Continuo a achar um trabalho impressionante feito em Commodore Amiga.
Westworld (1973)
Pois. Existe este. Quando em Portugal o pináculo da tecnologia era a máquina de escrever e máquinas de clisteres que se auto limpam, nos estados unidos um grupo de hippies ianques insere imaginários digitais num filme. Neste caso a visão do robot, uma pixelixação manhosa que viria mais tarde a ser repescada milhões de vezes, como por exemplo Predator, Wolfen, Terminator, etc. Westworld foi assim precursor de muitas coisas, nomeadamente CGI, Jurassic Park e cura para a disfunção eréctil ao tentar manter erecto um android disfuncional.
Beauty and the Beast (1991)
A cena final da dança, em que todo o ambiente é um gráfico 3D que se move com a câmara num sincronismo inovador, impressionou quantos parolos havia por esse mundo fora. Uau, que lindo, dizia essa labregagem toda sem perceber que era a estratégia de finalização para apagar do cérebro das pessoas cerca de 90 minutos de rapto e abusos físicos e sexuais perpetrados por uma abominável criatura sem alma a uma pobre menina que mal se conseguia sentar. Avaliando pela quantidade de mulheres bonitas e inteligentes que são barbaramente tratados por bestas agressivas que ainda assim dizem que “pelo menos tenho um homem com emprego que não se droga”, a estratégia resultou.
Muitos mais haverá, mas passemos às menções honrosas:
Star Wars (1977): Utilização de tecnologia 3D computorizada para criar as trincheiras da estrela da morte. Algumas, praticamente imperceptíveis. Na volta nenhuma, mas George Lucas gosta de se vangloriar.
Black Hole (1979): Utilização de renderização para criar um buraco negro logo nos créditos iniciais.
Alien (1979): O rendering das sequencias de aterragem nos monitores da nave.
The Adventures of André & Wally B. (1984): Primeira curta metragem 3D animada a computador. Da Pixar.
Money for Nothing (1985): Videoclip de Dire Straits, inteiramente feito em CGI. Também o videoclip que inaugurou a MTV. Se bem que se deva fazer uma lista de “Lista de Videoclips que são o Videoclip que Inaugurou a MTV” em que está também VIdeo Killed The Radio Star.
Terminator 2 (1991): Havia vendedores de computadores que em 1995 ainda diziam “Este computador consegue recriar em 3 semanas de trabalho ininterrupto a cena de 12 segundos do Terminator mau a levantar-se do chão ao xadrez.
Jurassic Park (1993): Senhoras e senhores, bem-vindos… ao fotorealismo!
Há dezenas de primeiros a fazer qualquer coisa em CGI, poderia ficar aqui a noite toda. Estes são os que me vêm à cabeça. O mais recente foi Avatar, por nos fazer acreditar que uma tecnologia que existe desde os anos 50 foi extremamente inovadora e nunca antes vista em 2009.
Adenda 1:
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