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Tag: arthouse

Citizen Kane – O maior plot hole da história do cinema

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Quando era um jovem a morar em casa dos meus pais fui à padaria comprar dez bicos e um pão de meio quilo. Umas vizinhas que estavam à minha frente falavam da morte de dois homens na semana anterior. Dois homens que morreram num acidente bizarro em condições aparentemente inexplicáveis. Dizia uma delas “Eles iam a discutir porque um deles andava amigado com a mulher do outro. Então ele meteu-lhe as mãos aos colarinhos e disse “Eu mato-te, miserável, eu mato-te!” e foi esta luta que os fez capotar e morrer”. Todas as outras senhoras ficaram num choque silencioso, horrorizadas com a tragédia que tinha bafejado morte e angústia na nossa aldeia. Eu tive que perguntar onde é que ela ouviu tal disparate, uma vez que as únicas pessoas que lhe poderiam ter contado sofreram morte imediata nesse acidente. No dia seguinte foi dizer à minha mãe que me tinha visto a fumar com uns drogados, em vez de estar nas aulas.

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Holy Motors (2012)

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Uma das melhores sensações que um cinéfilo pode ter é ver um filme que desconhece por completo e ser surpreendido com uma das mais belas obras alguma vez projectadas num grande ecrã. Aconteceu-me isto com Holy Motors, sugerido por um internet friend aparentemente francês (mas que pode muito bem ser iemenita ou senegalês). Inicialmente não sabia sequer  tratar-se de um filme falado em francês, no entanto o assombro foi tal que me vi estupefacto durante duas horas, incapaz do mais ínfimo movimento, no delicado limbo entre o desconforto e o deslumbramento, numa obra que faz fervilhar um caldeirão emocional. Enquanto o cérebro extrapola cenários magníficos como explicação e ramifica a imaginação para terrenos coloridamente psicotrópicos, o cerebelo defende-se do perigo eminente da falta de chão lógico para caminhar. Falamos, portanto, de um filme que nos retira da chamada “zona de conforto” e que nos deixa entregue aos coiotes durante duas horas, nus e frágeis às mãos do hábil manipulador Leos Carax.

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