A moda cinematográfica do momento é a Bíblia. A Bíblia em 3D. A Bíblia em 3D com imenso CGI. E jovens semi-nuas, só para não alienar o público ateu, agnóstico, stoners, pedófilos, sodomitas e membros do clero em geral. O fabuloso “The Fist of Jesus”, filme já abordado por mim e por outros apóstolos em conversa casual de facebook, aproveita a onda e inicia um crowdfunding para tentar extender esta obra para um patamar de reconhecimento global em versão longa metragem sob o nome de “Once Upon a Time in Jerusalem”. Mas afinal que de que trata esta heresia do “Fist of Jesus”?
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Existe um tema tão poderoso em controvérsia que não são raras as vezes que divida famílias, aldeias, cidades ou mesmo países. Num milisegundo podemos passar do amor fraternal ao ódio supremo. Uma troca de palavras mal calculada ou um item esquecido e uma densa onda de raiva instala-se em permanência. Sim, a troca de tupperwares entre donas de casa é um assunto bastante sensível, mas com pouco potencial dramático além da óbvia tensão lésbica. Por isso mesmo Alejandro Amenábar decidiu pegar no segundo assunto mais sensível para nos brindar com uma nova obra prima. Esse assunto é a religião e as suas atrocidades e o filme é Ágora, uma das sete maravilhas do cinema moderno.
Se uma pessoa aparece com a cabeça de um ganso enfiada no cu e o resto do ganso a pender como um gravata nadegal, eu considero isso um conceito inovador e original. Admiro a imaginação e coragem do seu autor, mesmo não sendo obrigado a gostar nem sequer a usar, porque não sou um gajo de modas. Se no dia seguinte um batalhão de pessoas aparecerem com cabeças de ganso enfiadas no cu e o resto dos gansos a pender como gravatas nadegais, aí já considero haver seguidismo e falta de originalidade, mesmo que em vez de gansos tenham usado patos bravos, avestruzes e bovinos de pequeno porte.
Tempos a tempos somos presenciados com novos obras que nos arrebatam e nos fazem repensar toda a dinâmica do cinema. Este filme não é um desses casos, mas por pouco… [REC] é um exemplo do Hiper-Realismo na estética cinematográfica, uma tendência que pegou no mainstream recentemente e, provavelmente, irá levar este esquema cinematográfico ao limite do absurdo. Mas para já encontra-se no limite do tolerável. E o Hiper-Realismo quando se junta à boa e velha Ultra-Violência e as mãos de um mestre, temos festa na aldeia.
E já que nos encontramos numa maré de viagens no tempo, falo-vos também de Los Cronocrimenes, um filme espanhol independente de parcos meios, mas de infinita criatividade. Um exemplo de tenacidade e sucesso para os brochistas portugueses do ICAM-dependentes, que em vez de andarem aí a carpir lamúrias como um bom bando de putinhas que são, podiam criar um argumento que se adapte ao magros fundos que o governo lhes atira.
Desde o dia em que vi pela primeira vez um daqueles macacos que dizia “Habla comigo, quiero ser como tu!” que me apercebi que os espanhóis são muito diferentes de nós. Enquanto que nuestros hermanos não desperdiçam ideias, aqui em Portugal as ideias não saem da mesa da esplanada, onde são inteligentemente apresentadas entre tremoços e minis, mas depois morrem. O cinema de terror deles está também entre o melhor do mundo e atrevo-me mesmo a dizer que este El Orfanato é o melhor desta década passada.
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