Eva Mendes blá blá blá. Peitinhos. Quinta.
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* – Peitinhos da Quinta
Desde 24 de Junho de 2003
Uma das melhores sensações que um cinéfilo pode ter é ver um filme que desconhece por completo e ser surpreendido com uma das mais belas obras alguma vez projectadas num grande ecrã. Aconteceu-me isto com Holy Motors, sugerido por um internet friend aparentemente francês (mas que pode muito bem ser iemenita ou senegalês). Inicialmente não sabia sequer tratar-se de um filme falado em francês, no entanto o assombro foi tal que me vi estupefacto durante duas horas, incapaz do mais ínfimo movimento, no delicado limbo entre o desconforto e o deslumbramento, numa obra que faz fervilhar um caldeirão emocional. Enquanto o cérebro extrapola cenários magníficos como explicação e ramifica a imaginação para terrenos coloridamente psicotrópicos, o cerebelo defende-se do perigo eminente da falta de chão lógico para caminhar. Falamos, portanto, de um filme que nos retira da chamada “zona de conforto” e que nos deixa entregue aos coiotes durante duas horas, nus e frágeis às mãos do hábil manipulador Leos Carax.
Sexta-Feira chuvosa. Estava eu num bar de alterne na Zouparria a olhar para cinco prostitutas deprimidas. Entre todas partilhavam 12 dentes e 382 era o total das suas idades somadas. Fingi beber a minha água campilho e saí pela janela da casa de banho, sem pagar. Estava a precisar de um bom filme para lavar a alma. Apanhei o início do Spirit num canal Premium do cabo. Passados 30 minutos estava a ponderar se não seria menos doloroso arriscar gonorreia com a Jandira, uma brasileira que se orgulhava de ter feito duas mamadas a Goebbles na altura em que ele ainda era presidente da junta de uma pequena freguesia nos arredores de Frankfurt.
Há na vida certas situações que sabemos que vão ser extremamente desagradáveis e ainda assim avançamos. Como ir ao Joshua’s comer uma Pita Shoarma e saber que vamos andar a tarde toda com um arroto mortífero capaz de sugar a vida a qualquer criatura que se atravesse no seu caminho. Ir jantar a um restaurante indiano e saber de antemão que daí a meia hora temos as labaredas do inferno a subirem-nos pelo esófago acima sob a forma do mais abominável refluxo ácido, capaz de criar bolas de cuspo que dissolvem 3 pisos de betão. Ou ir ver uma adaptação cinematográfica de uma BD da Marvel, que sabemos que nos vão doer os tomates de tanto rir, apesar de não ser uma comédia.
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