Cheguei mais cedo a casa. Ainda tinha tempo de ver um filme antes que o infernal furacão de imparável destruição e balbúrdia apocalíptica chamado rotina com crianças tivesse o seu início. Descalcei-me, gritei de dor lancinante e deixei que as lágrimas me escorressem pela cara devido a uma pequena cabeça de Mickey (da Lego) que se tinha acabado de me cortar um tendão e estava agora alojada da parte mais dolorosa do metatarso. Sentei-me, absorvi o sangue com um casaco da Barbie e liguei o meu mediacenter. Corri todos os filmes que me pareceram boa ideia quando os “adquiri”, mas curiosamente nenhum deles me fascinava. Filmes de extraterrestres, violência perfeitamente gratuita, humor negro e ofensivo, pornografia sueca dos anos 60, super-heróis de calcinhas de licra enfiadas no rego, monstros, filmes com acontecimentos de tal envergadura que podem acabar com o mundo (várias vezes) e uma pasta chamada “Corredor da Morte”, onde coloco os filmes até ter coragem para os apagar. Quem diz apagar diz outro verbo qualquer com sonoridade menos ilegal. Bem, carreguei no play em “The Kids Are Alright” e deixei-me embalar pelo confortável ambiente familiar de um lar onde um casal de lésbicas em crise de meia idade tenta salvar a sua tempestuosa relação.
Tag: indie
Sabem aquelas pessoas que compram um carro e depois dizem que só existem em Portugal 3 carros daqueles? Até pode ser verdade, mas 1 anos depois é só carros daqueles por todo o lado e eles continuam a dizer que só existem em Portugal 3 carros daqueles. E mesmo na evidência de estar perante uma pirâmide de carros iguais ou um engarrafamento composto apenas por carros daquele modelo eles continuam a dizer que só existem em Portugal 3 carros daqueles. É deste “sindrome de suspensão temporal” que retrata este filme.
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