As crianças consomem muito Youtube. O pior são as publicidades antes dos vídeos, o equivalente às publicidades dos intervalos do nosso tempo. Porque as crianças da segunda metade dos anos 10 do terceiro milénio não consomem TV. E são estas publicidades que os mantêm informados e a salivar por novos produtos e serviços. Tal como nós, há 3 décadas no intervalo do Tom Sawyer, quando a vontade de ter uma Bota Botilde nos incinerava o âmago de desejo. E quis um algoritmo manhoso baseado em alvos demográficos e hábitos de consumo que o meu filho visse em loop o trailer do Rei Artur do Guy Ritchie. A sequência de eventos que se seguiu foi tão rápida que só me lembro de depois de estar sentado a um domingo à tarde num cinema com uma audiência considerável, composta por grupos de dois, um pai e um filho. Certamente efeitos das sugestões hipnóticas que as redes sociais nos lançam nos entrefolhos de toda a desinformação, fotos em semi-pelota de semi-sugestão semi-sexual e vídeos de gatinhos. Nem sei se tive tempo de vestir um par de calças.

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