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Tag: memória

Little Mermaid (1989) e o efeito Mandela

O efeito Mandela é um chavão usado muito na Internet para definir aquelas situações em que nos lembramos erradamente de coisas que nunca existiram, como se existissem num universo paralelo. Foi assim baptizado porque se associava a pessoas que se lembravam vividamente que Nelson Mandela teria morrido na prisão. A mim aconteceu em duas situações recentemente e sempre relacionadas com cinema. A primeira foi ao ler o livro Ready Player One. O nosso protagonista citou a expressão “Oh my God it’s full of stars” dizendo tratar-se de uma frase do filme 2010. Ora, que raio! Tinha quase a certeza que era do 2001. A frase que o Dr. Dave Bowman diz ao entrar no campo estrelado como novo humano no final do filme. Curiosamente aparece no livro, que também li. Aparece depois em maior proeminência no 2010, livro e filme. Ah caraças, andei a citar mal toda a minha vida.

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Os scifis alucinogénicos dos anos 90

Naked Lunch 2

Esta semana um amigo chamou-me a atenção através de um link no facebook para uma review a um filme scifi dos anos 90 chamados Space Truckers. Cliquei no vídeo e de imediato o meu cérebro explodiu em recordações e referências obscuras de filmes que tinha visto e por alguma razão o meu cérebro achou por bem omitir. Os anos 90 foram profícuos em projectos imaginativos e de multicores caleidoscópicas, em arrojo e coragem de avançar por terrenos desconhecidos ou excêntricos. De modo mais ou menos feliz, todos garantiram lugar na memória dos tempos. Ao contrário do que se faz actualmente, reciclagem e reaproveitamento de fórmulas gastas, os estúdios dos anos 90 permitiam-se a algum divertimento, os actores aceitavam papéis perfeitamente fora do âmbito da sua paleta de representações. Os executivos, imersos em trips intermináveis de cocaína, assinavam qualquer delírio narrativo que lhes colocassem na mesa, enquanto os sesu advogados se deliciavam sexualmente com autocarros de putedo multigénero (e às vezes equídeo)  que lhes era entregue ao domicílio.  Vamos aqui falar de alguns destes filmes e dos elementos que fazem deles autênticas pérolas de devaneio criativo, coragem e testículos de aço. Dois de cada vez, para não enfartar.

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Zé Gato (1979)

Queixava-se ontem o David de que Portugal era tão miserável que nem filmezinhos de acção de “Porrada e Explosões” tem. Ele tem razão, Portugal a nível de cinema é miserável, mas no que diz respeito a acção temos o imortal e mortífero Zé Gato, o herói da TV do início dos anos 80. Tem murros e explosões tem pelo menos uma que me lembre. Foleira, é certo, mas ainda assim uma explosão. Não me lembro bem da estreia, uma vez que tinha 6 anos, mas lembro-me dos re-runs no mítico “Agora Escolha”. Música épica. Era o reinado do Fiat 127 e do Renault 5…

O Filme de Domingo à Tarde – Léxico Xunga

filmesdedomingoatarde

Muito se fala de um filme ser do estilo “Domingo à Tarde” ou de ter grande potencial de “Filme de Domingo à Tarde”. Mas afinal o que é um filme de domingo à tarde? O que faz esta específica janela temporal ter características tão bem definidas que até os seus parâmetros de entretenimento são  standartizados? Porque é que um filme passa a ser infernalmente hediondo depois de ter sido arrastado pelas lamaçais da infâmia por uma estação de televisão a um domingo à tarde? E mais importante ainda: porque é que nunca nos lembramos de nenhum filme que passa a um domingo à tarde, mas apenas de um aglomerado de imagens que piscam incessantemente na zona mais negra das nossas memórias, como um sentimento parasita ou uma emoção cancerígena?

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