Não há nada pior na vida que um gajo sentir-se um bardamerdas. Um gajo perceber que é um resto de uma bosta de cão agarrado à sola desta gigantesca bota cósmica onde viajamos pelo espaço/tempo. Talvez nem um resto de bosta sejamos, reavaliando a metáfora será mais apropriado dizer que somos um electrão de um átomo de carbono de uma molécula que compõe esse minúsculo pedaço de bosta. Como desejamos ser um pedaço de bosta a sério ou, sonhando muito alto, uma bosta inteira numa sola da bota celestial na qual estamos agarrados a viajar pelo espaço/tempo. Para que a humanidade possa sentir-se melhor existe a ficção e dentro da ficção o cinema. E dentro do cinema aquilo de que vos vou falar a seguir.
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Inspirado que fui por um email do Dermot, trago-vos a minha lista de filmes de baixo orçamento. Incompleta, como todas as listas que se prezem, mas honesta. São 10 filmes que souberam gerir a ausência de capital para ainda assim criarem obras de relevo. Alguns nem de limões precisam para fazer limonada. Às vezes tão simples como ser astuto na escrita ou manusear a câmara de maneira pouco ortodoxa, outras vezes usar a cozinha da mamã para criar efeitos especiais de qualidade surpreendente. E sem mais demoras, vamos para o número 10.
10 – Eraserhead (1976) – David Lynch
Filmado a preto e branco, minimalista e sob uma desconfortável e constante banda sonora industrial, é uma verdadeira orgia de surrealismo. David Lynch fez a festa com meia dúzia de tostões e os cinéfilos mundiais à procura de novas sensações e conceitos adoraram. Vi este filme em Coimbra, no tempo das salas de cinema majestosas acompanhado por 7 pessoas que no final do filme eram só 3. Foi a primeira vez que vi um homem assumir a paternidade de um frango assado. E talvez tenha sido também a última.
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