asterix

Como tão bem sabemos, passar um banda desenhada para o grande ecran não é uma tarefa linear nem simples. Que o digam adaptações como Catwoman, Elektra, Daredevil, Punisher, Blade, Spawn, Spiderman, o novo Superman, isto só para citar alguns exemplos de lustrosa falta de qualidade e, porque não dizê-lo, horrenda mediocridade! Asterix, infelizmente, não é uma excepção à regra e neste terceiro capítulo parece ainda enterrar fundo numa fossa céptica o conceito da adaptação ao cinema de um comic.

E qual é a razão para que bem sucedidas bandas desenhadas, com profundidade, densas e complexas tramas passem para o ecran com aquele aspecto de plasticina pré-moldada para atrasados mentais? Porque os estúdios querem agradar a todos e optam por meter a fasquia baixa, e quando digo baixa quero dizer que nem sequer a levantam do chão. Acabamos por ter filmes estupidificantes, entorpecedores que procuram o humor do tipo que bate contra um poste ou substituem argumentos decentos por efeitos especiais lustrosos, acção com alto poder sonífero e efeitos sonoros de provocar danos irreversíveis nos tímpanos.

O primeiro Asterix passou despercebido e perdeu-se nas areias movediças do esquecimento cinematográfico, o segundo volume teve algum sucesso porque viveu da presença forte de Jamel Debbouze e da infinita sensualidade de Monica Bellucci. Neste terceiro volume a fórmula é esticada aos limites da estupidez. Mais infantil que nunca, pejada de private jokes francesas que nos deixam a apanhar bonés. Uma imensa galeria de cameos de personalidades que já tiveram melhores dias que transforma uma boa piada ocasional numa infindável sucessão de bocejos. Tudo já foi feito, refeito, reciclado, resconstruído milhares de vezes antes, a maior parte das vezes por pessoas com mais talento.

Até o actor que faz de Asterix mudou. Só não sei, sinceramente, o que anda lá ainda a fazer Gérard Depardieu. Só pode ser pelo dinheiro, não vejo mais nenhuma resposta possível. A cocaína nos dias que correm anda pela hora da morte e umas coroas a mais na carteira nunca fizeram mal a ninguém. Há rumoras para ainda outro live action Asterix, mas não vão apanhar nem mais um cêntimo meu nesse embuste. Já ontem tentei recuperar o dinheiro do bilhete pela falta de qualidade, mas enquanto espancava os puto das pipocas e a gaja que me tentava impingir umas bonecas de trapos para um obra de caridade o gerente acabou por fugir pelas traseiras.