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Apollo 18 (2011)

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Ainda há muita gente que não compreende como é que uma civilização que soube ultrapassar obstáculos de infinita complexidade para meter pessoas a passear na lua não é capaz de conseguir arranjar uma solução eficaz para acabar com a epidemia de cinema merdoso que vem contagiando o planeta. A eterna fonte da sonhos e desejos que vem transformando a nossa nobre sociedade num grupo de idiotas sociopatas egoístas e a ideia crescente nas adolescentes que a melhor maneira de manter a virgindade é levar no cu. O que nos leva ao nosso filme de hoje, Apollo 18.

O mockumentary, esse género tão nobre que nos tem trazido pérolas de especial preciosidade. Obras superiores como Zelig, This is Spinal Tap, Man Bites Dog, Forgotten Silver ou as incontornáveis obras de Sacha Baron Cohen. Pessoalmente sou incapaz de resistir a uma premissa de mockumentary, uma fuga à realidade mundana numa estética de documentário, uma realidade alternativa, o famoso “what if?…”

Apollo 18 começou a fazer a sua tímida propaganda sob a forma de um trailer que parecia ter tudo para não falhar. Uma missão secreta à Lua depois de ter sido encerrado o projecto Apollo. Imagens até agora nunca vistas guardadas nos mais secretos cofres da Nasa foram contrabandeadas para a Internet. Finalmente vai saber-se a verdade. Senti-me atraído pelo filme com um bêbado por um urinol.

E eis que não me contive quando o filme estreou deu à costa  nos locais habituais. Atirei-me a ele como cão ao bofe, ignorando de todos os meus compromissos familiares, parentais, profissionais e conjugais. A salivar com a esperança de uma criança, acreditar que seria um filme que ecoaria na eternidade como um bom exemplo de “filmezinho à maneira”.

Escusado será dizer que mais valia ter ficado a contemplar as minhas irregulares formas testiculares com um espelho que comprei especialmente para o efeito ou apreciar a rara beleza equídea da minha vizinha 3º frente enquanto esta apara cuidadosamente as unhas dos pés para a rua com um alicate de cortar aço de 12 polegadas, tentando acertar nas crianças que brincam no parque em frente. Para aqueles fraquinhos em raciocínio abstrato, digamos que não correspondeu à minhas expectativas.

Há uma enorme preocupação no build-up, na criação de um mistério que começa mesmo antes no filme, nos próprios trailers e no merchandise associado ao filme. E, claro, todos nós temos meia dúzia de teorias obscuras que envolvem a Lua que gostaríamos de ver abordadas, sejam os nazis escondidos na Lua, as estruturas alienígenas no lado negro, a simulação da aterragem lunar, o bunker ultra-secreto onde estão guardados os ADNs dos principais dirigentes do planeta ou a cassete do Tomás Taveira onde estarão as alegadas cenas com as gajas famosas.

Mas o que se vê é apenas uma lenta marcha para um mistério muito fraquinho, que nos faz soltar um tímido “Ah, só isto?” e apagar o ficheiro com a cabeça inclinada em sinal de vergonha.

Há coisas boas. O esforço em recriar a tecnologia da época, a diferente fotografia das diferentes câmaras, ainda que a alteração constante dos aspect ratios da imagem sejam bem irritantes. Também não me parece que se consiga explicar alguns daqueles ângulos ou como é que aquelas filmagens foram obtidas na Terra. A gravidade parece-me também ligeiramente manhosa, mas isso pode ser impressão minha que não sou nenhum Engenheiro Físico. Ou serei?

1 Comment

  1. Peter Gunn

    Epá… mas já existe “um espelho … especialmente para o efeito” de olhar para os testiculos?

    As coisas que um gajo descobre na net! 😛

    Quanto “a ideia crescente nas adolescentes que a melhor maneira de manter a virgindade é levar no cu”… não digas nadas muito alto senão há muita malta que deixa de se divertir de vez em quando 😉

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