Todas as famílias são psicóticas, já o dizia Douglas Coupland. Mas com uma embalagem de poderosos alucinogénos confundida com Valium perdida no meio de uma multidão deprimida ou um anão homossexual de coração partido à procura de vingança, as coisas podem mudar de figura, fazendo a psicose parecer um escuteiro virgem numa orgia Bukkake…
Mas um anão boiola perdido de amores por um velho recém falecido não é nada de especial para quem viu a semana passada Postal (de Uwe Boll), em que um anão era enrabado por mil macacos. Anões paneleiros deve ser a tendência do novo milénio, não sei. Não sou bom a avaliar modas. Mas não é minha intenção reduzir Death at a Funeral a um “filme com um anão paneleiro”. Longe disso. A genialidade do argumento, diálogos e situações (a fazer lembrar uma estrutura teatral) catapultam imediatamente este filme ao estatuto de culto instantâneo.
Este é daqueles filmes em que apenas olhando para o cartaz sabemos que não pode falhar. Às vezes falhas, mas nos falhados não reza a História. O seu realizador, Frank Oz, é um tipo com um currículo algo estranho. É mais conhecido por ser a voz de Yoda. Sim, esse Yoda. Também fez outras vozes para os estúdios Jim Henson e tentou a sorte na realização. É dele também a voz do Egas (ou do Becas) original. Os mais conhecidos filmes realizados por ele devem Bowfinger, Dirty Rotten Scoundrels e o xunguérrimo Stepford Wifes… Este último é daquelas coisas que ninguém gosta de ver num currículum. É o bastardo dos seus filhos…
Mas Death at a Funeral é um filme fresquíssimo. Com uma dinâmica muito forte e um ritmo rápido, rapidamente nos absorve para a sua trama nos primeiros minutos. O filme passa-se numa tarde, num funeral que junta uma família não muito famosa pela sua união. Os actores da escola britânica dão corpo a um elenco que vive de personagens. É humor negro tipicamente british de que eu tanto gosto.
De lembrar que está a ser feito um remake para brutos, com downgrade de complexidade, um pastelão lívido americanizado com Martin Lawrence, Chris Rock, Danny Glover, etc. Assim olhando de repente só lá falta Eddie Murphy a fazer vários personagens aos peidos. Dá-me ideia de que os americanos são um bocado lineares ao tentar perceber o significado da expressão “humor negro”.
Uma das grandes comédias de 2007. Foi muito bom mesmo.
Abraço.
Sem dúvida, das melhores comédias do ano. A cena do telhado é super hilariante! 🙂
foda-se… fui o único a adormecer a meio desta merda?
sim, acho que foste.