Post do cinema xunga daqui a 100 anos: “Agora que se revive uma onda de usar humanos em filmes, faz hoje 100 anos que o pioneiro desta técnica estreou. Val Helsing. Primitivo, certamente, mas o uso minimalista de humanos fez dele um clássico, lado a lado com o volume 17 de Star Wars e o Porky’s 2076, feito com porcos de verdade… ” . Não estou certamente longe da verdade ao colocar aqui a minha costela de futurologista, mas o certo é que o excesso de gráficos de computador tornou um filme num ode às texturas de plástico, e nos momentos em que passei acordado, procurava desenfreadamente o meu joystick.
Fazendo sempre uso de um ritmo bastante acelerado, o cérebro dos inocentes espectadores começa a trabalhar no modo “dormente”, sendo que cada vez que aparecem diálogos (entre uma ou outra explosão), toda a gente reclama com um sonoro “Booooring!”. Claro que é um filme pensado segundo o conceito “o trailer diz tudo” ou “vamos colocar as falas no meio da porrada, para não quebrar o ritmo“. Uma estatística da universidade regional de Witchita do sul diz mesmo que são consumidas o dobro das pipocas neste filme, devido ao aceleramente cardíaco e consequente aumento do ritmo de mastigação.
Confesso que neste tipo de filmes sinto sempre uma perfeita admiração pela equipa técnica responsável por transformar em verdade todo aquele imaginário que sai dos storyboards. Não sinto admiração nenhuma pela equipa de realização, produção e actores… As personagens são de um vazio absoluto. Val Helsing, que para mim será sempre Wolverine, é um estereotipo quadradão. As suas piadas e falas de durão são de meter os dedos à boca e aquele aspecto de “eu sei tudo e safo-me sempre” dá vontade de lhe arrancar a barba à chapada. A estrela feminina também não é lá grande presença. Mas é bonita e bem feitinha. Aliás, foram essas características que safaram Underworld de ser um completo falhanço. O sidekick, um frade consumido de tesão, é uma fonte seca de piadas.
Drácula merecia uma melhor performance e uma construção decente de personalidade (ou falta dela). O aspecto romântico e invencível foi substituído por um drácula fraco, artificial e nada assustador. As suas noivas deviam ter continuado na mansão Playboy com Hugh Hefner. O lobisomem arrasta-se ali indignamente à espera de ser usado no fim. E por falar em fim, há ali um pedaço de filme em que o continuum espaço temporal pára, pois aquilo que deveriam ser 12 segundos extende-se por uns bons 5 minutos. Coisas de filmes xunga…
Filmado em 4 dias e com 2 anos de pós-produção, Van Helsing é vazio de conteúdo, sendo apenas um delírio visual com excessos de artificialismos digitais. A interacção entre os digitais e os orgânicos não convence. Tudo pode ser perfeito, mas acredito que um actor não pode fazer um trabalho decente a actuar frente a um quadro verde. A narrativa é zero.
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