Sou a pessoa indicada para falar de euforias de tecnologias de primeira geração. Esse fascínio da novidade que me seduz como a décima musa de Lesbos, como aquela luz assassina que atrai os mosquitos para a sua perdição. Eu, que tenho em casa gavetas cheias de palm tops, PDAs, smartphones e outros gadgets idiotas só porque tive dificuldade em esperar que uma tecnologia amadureça. A história ensina-nos lições importantes de assombros cegos de primeira geração que morreram rapidamente, fazendo os seus embaixadores lambe-bolas parecerem ridículos palhaços à chuva, com a maquilhagem a escorrer pela face, com um sapato roto a ver-se o dedão Exemplos como a MiniDisc, HD DVD, videogravadores Beta, laserdisc, o videotelefone, os carros que falam ou aquele pedacinho de cartão que permite que as senhoras se aliviem em urinois.
Esta maligna sedução também não é original. Quantas vezes pensámos estar no pináculo tecnológico, num ponto cinematografico tão importante que a partir daí todo o cinema adoptaria esse standard: a sequência Genesis de Star Trek 2 The Wrath of Khan, Tron, Jurassic Park, Terminator 2 do próprio James Cameron, Final Fantasy e o seu foto-realismo, ou mesmo estes filmes todos de calamidades naturais ou extra-terrestres do hediondo Roland Emmerich. Se olharmos para trás, é quase tudo merda que nem a 1.49 queremos o DVD e se estiver a passar na TV rapidamente mudamos para o canal “Religião Sexy“. À excepção de Star Trek 2, porque é humanamente impossível alguém fartar-se de ver William Shatner.
Quero com tudo isto dizer que sim, o filme é tecnicamente impressionante. Não tanto pelo CGI 3D, mas a mim encantou-me mais o 3D nas cenas de imagem real, porque parecia mais… bem, mais real. Durante 3 horas estamos ali com aquele gente azul a admirar fauna e flora e, convenhamos, as mamas digitais da protagonista. E não digam que não repararam nisso, seus mentirosos, que eu irei individualmente a casa de cada um para vos estrangular. Sim, é muito imersivo, com tanto se diz. Mas o que se esperaria de um filme que está em stand-by há 12 anos à espera da uma tecnologia compatível com a visão do seu amo?
Poderá ser um filme elevado à categoria de clássico instantâneo comedor de prémios só por esta “componente” tecnológica? Mas é óbvio que não! Como toda a gente sabe, não existe mais nada de substancial neste filme de James Cameron além do seu visual inovador. O argumento é o tal Pocahontas que tanto se fala, com os discursos do Brave Heart e todas as manhas narrativas do “Livro das Manhas Narrativas“. Aqueles pequenos truques que nos manipulam emocionalmente, testados no campo até à exaustão, lá estão. E nós, submersos em azul e 3D, comemo-los como cavalos esfomeados num paraíso de alfafa.
Infelizmente é assim que tem que ser para que James Cameron e o seu exército de pitbulls mercantilistas possam reaver o seu dinheiro. É mais fácil levar um cinéfilo exigente a ver um filme de merda, do que um cinéfilo de merda a ver um filme exigente. Alinhando a vitola por baixo e cobrando 2€ a mais por cada bilhete (33%) é óbvio que isto tem que dar lucro. E assusto-me com a ideia da enxurrada de merda cinematográfica que se aproxima, todos os filmes idiotas que estavam na calha à espera de ver os resultados deste Avatar. Agora vêm por aí abaixo como diarreia em dia de camarão estragado. Tudo 3D, desde os filme todos para a garotada como os blockbusters de acção.
E a gaja digital fez tesão a alguém? Ninguém admite, mas toda a gente fala disso. Que maravilhoso mundo novo seria um porno com personagens Na’vi. Hey, se todos os animais têm seis patas, o que nos garante que cada Na’vi não tenha duas vergas? Ou que as gajas tenham vaginas com dentes na horizontal? Cavalos de 6 patas? Ai o mundo imenso que nos espera quando o 3D chegar ao porno. Ora aí está uma boa notícia para todos aqueles que pensavam que a tecnologia na pornografia tinha atingido o seu auge com a Ass-Cam…
“É mais fácil levar um cinéfilo exigente a ver um filme de merda, do que um cinéfilo de merda a ver um filme exigente.”
É verdade. E que podemos concluir? _Para além de que o cinéfilo exigente, não é assim tão exigente como o
cinéfilo de merda… Que vem aí um tzunami cinematográfico de merda em 3d , ´tamos feitos…para escapar, só mesmo juntarmo-nos aos na’vi em Pandora.
“É mais fácil levar um cinéfilo exigente a ver um filme de merda, do que um cinéfilo de merda a ver um filme exigente.”
É verdade. E que podemos concluir? _Para além de que o cinéfilo exigente, não é assim tão exigente, mas + aberto, que o cinéfilo de merda… Que vem aí um tzunami cinematográfico de merda em 3d , ´tamos feitos…para escapar, só mesmo juntarmo-nos aos na’vi em Pandora.
Já tive diversas discussões com amigos que afirmam ser o melhor filme do ano, quiçá de sempre. Geralmente essas discussões acabam quando lhes peço para imaginarem o District 9 em 3D como o Avatar…
Fica a informação que já está a ser feito um filme do amor, daquele com líquidos à bruta, recorrendo à tecnologia 3d…curioso estou..
Eu acho que Avatar foi um marco Cinematográfico nos aspectos técnicos e por ter conseguido sair em filme na altura certa, numa altura de mudança, em que o 3d não é definitivo, tudo muda e avança, mas Avatar premanecerá inovador por uns tempos e, certamente, pioneiro.
De resto, Avatar tira a capacidade de contar histórias a um filme…
Abraço
http://nekascw.blogspot.com/
Ao fim de mt tempo a seguir o bom humor do cinema xunga (inclusivé o antigo), que às vezes até me põe a rir sozinho em frente ao PC, venho com este filme tão badalado estrear-me nos comentários.
Fui ver o filme sem grds espectativas (e meio lixado por me estarem a chular ainda mais que o normal), levado pelo facto de ser uma grd revolução em termos tecnológicos e concordo com o que todos disseram – pode ser um marco em termos tecnológicos, mas no todo não é um grande filme.
Aliás, um filme que se fosse visto em casa, só com muito boa vontade poderia ter nota positiva, alguma vez pode ser um grande filme??? Fica a pergunta…
Abraço
Eu sinceramente nem consigo perceber como este filme pode ser chamado de marco do cinema a nivel tecnologico. O que temos aqui afinal? CGI e 3D. É a primeira vez que vemos isto? Nao. CGI já o vemos desde o inicio dos anos 90 e, naturalmente, com o passar do tempo vai-se aperfeiçoando e ainda muito mais terá (e irá certamente) de se perfeiçoar para que atinja finalmente aquela meta em que o CGI se tornará indistinguivel do real (coisa que para o observador mais atento e entendido está ainda a muitas centenas, milhares, de milhas de distancia, inclusive neste Avatar). De resto, temos o 3D. 3D que tambem já existe ha algum tempo e que nao é mais que uma distracçao e uma ferramenta da Sony pra tentar revitalizar o mercado do cinema em casa. Tentativa que a meu ver irá falhar, porque nao estou a imaginar a maioria das pessoas a usarem oculos 3D dentro de casa pra ver filmes nas suas televisoes. Mas quanto a este aspecto, e a quem interessar lol, já deixei a minha opiniao no meu blogs (http://shinetolife.blogspot.com/2010/01/in-your-face.html).
Portanto, em relaçao ao Avatar, temos CGI, 3D e uma historia infantil sem substancia nenhuma e um novo universo sem ponta de carisma habitado por personagens mais desinteressantes que muitas das vistas em videojogos de há 15 anos atrás. Muito sinceramente, nao consigo perceber onde está o marco tecnologico (filmaram com novas e inovadoras cameras 3D? hmmkay, whateva, no cinema só vi 3D como ja antes tinha visto), isto sem tentar ser cinico ou pseudo. Nao percebo mesmo.
Boa review btw, já faltava 😉
Hey, que tens contra o MiniDisc? Continuo a usar o meu e ainda é uma ferramente bem útil 😛
Na lista de tecnologia obsoleta ao fim de uma semana, esqueceste-te da Sega CD.
Não tenho a mínima curiosidade em ver este Avatar, agora o Assvatar….
http://dimensionfantastica.blogspot.com/2010/02/avatar-x-director-anonimo-assvatar-2010.html
Assvatar, sim senhor! Muitas das minhas dúvidas ficaram resolvidas com estas imagens. Gostei especialmente da maneira como censuraram o elemento masculino. À primeira vista pareceu-me que a senhora estaria a desfrutar de um Calippo de limão que o seu colega generosamente lhe segurava sobre o seu baixo ventre.
A verdade inquestionável: “À excepção de Star Trek 2, porque é humanamente impossível alguém fartar-se de ver William Shatner.”
E outra, mais séria “É mais fácil levar um cinéfilo exigente a ver um filme de merda, do que um cinéfilo de merda a ver um filme exigente. ”
Concordo plenamente. Agora que já passou algum tempo (o dvd já vai quase nas 7 milhões de cópias vendidas, jasus), é mais fácil desabafar sobre estas coisas. Avatar é banal. Muito. É visualmetne impressionante, um marco de inovação e tudo isso, sem dúvida. Mas é um filme fraco, preso à sua própria necessiade de ser tão universal, tão acessível a todos, que perde qualquqer ponto de carisma. ficam os azulinhos. e a piada de ter no filme mais avançado de hollywood, uma mensagem anti-tecnológica, de regresso à natureza. Achei piada.