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Moon (2009)

A ficção científica, fora do âmbito do blockbuster, está a atravessar uma época especialmente vigorosa. Com os efeitos especiais cada vez mais acessíveis ao técnicos de orçamentos menores, estamos perante um admirável mundo novo de possibilidades. Em Moon temos o exemplo de como fazer um filme em que os efeitos especiais e os cenários servem apenas para contar uma história e não tiram o protagonismo nem o impacto à narrativa. Poderia ser o 2001 da nossa geração, não fosse ter aparecido numa altura em que o cinema é praticamente descartável e o tempo de vida útil de um filme é apenas um conjunto de breves minutos no intervalo de tempo que antecede os créditos iniciais do próximo.  Documentemos irmãos, antes que me esqueça do que ia dizer.

Lado escondido da Lua. Um homem sozinho com o seu computador falante,  monocórdico e lógico, ao estilo de HAL. Uma exploração de minério essencial para o planeta Terra é gerida por uma única pessoa em turnos de 3 anos. Faltam 15 dias para acabar o turno de Sam. Há um acidente, Sam fica preso num veículo lunar, inconsciente. Sam acorda numa enfermaria. Levanta-se e vai ao exterior verificar o veículo lunar. Lá dentro está outro Sam. 2 Sams? Sim, dois Sams. Será alucinação como no Fight Club? Não. Será uma viagem no tempo? Não. Ah, que confusão. O que será?

E assim partimos numa viagem ao interior da mente humana, da humanidade propriamente dita e às fronteiras da ciência. Apesar do filme não entrar em filosofias, prepara para o cinéfilo um extenso rol de questões deontológicas relacionadas com a ciência do futuro, questões essas que ficam a remoer no cérebro muito após os créditos finais. Por exemplo, neste preciso momento devia estar a executar uma função produtiva. Em vez disso estou a escrever isto. Mas na realidade nem sei bem o que estou a dizer ou escrever, porque estou a ainda a pensar nas questões levantadas pelo filme. É esse o poder de Moon.

Na prática esta característica faz com que o filme viva além dos breves minutos que costuma ser o tempo útil de qualquer obra cinematográfica, pois deixa-nos umas emoções parasitas que despertarão certamente no futuro, noutras situações, em que iremos clamar em plenos pulmões “Bela merda, isso é uma banhada ao Moon” ou “Isto não é nenhuma inovação, o Moon já tinha tocado nesse assunto em 2009”. Expressões estas que virão acompanhados pela ira dos nossos amigos e a habitual frase “Não sei o que é que isso tem a ver com charcutaria transmontana, mas acho que te devias tratar…”

2 Comments

  1. bruno

    por acaso, isto foi um grande filme sim sr!
    nem sequer adormeci

  2. Joana

    convém dizer que o realizador deste filme é o filho do maravilhoso David Bowie =) e sim o filme está muito bom. Bom trabalho na critica…btw “Are you hungry Sam?” lol

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