Desde 24 de Junho de 2003

9 (2009)

Andei durante algum tempo confuso com este “9”. Via umas notícias, depois outras, depois umas imagens, uns teasers e uns trailers e havia informação altamente contraditória. Depois percebi que há um “9” e um “Nine”. Sendo o que me interessa este “9” de animação de contornos burtonianos passado numa sociedade pós-apocalíptica distópica, animado superiormente com design de deixar água na boca. O outro, por extenso “Nine”, é um musical onde se dança muito e ao que parece ainda se canta mais e com capacidade de provocar mais mortes por alergia que qualquer outro produto no mercado, incluindo cicuta, arsénico ou o famoso barrote de madeira na base da nuca.

Quando se consegue um arrojado grafismo e uma curta metragem como ponto de partida, significa que ainda falta muito para se ter um filme. Adicionar Tim Burton e Timur Bekmambetov à lista de notáveis produtores também não é solução. Há que ter uma narrativa que conduza o filme com mestria e sem solavancos. Acontece que eu gostei deste filme, mas quando passaram os últimos créditos percebi que o filme vivia muito do estilo. Como aquelas tias com cães que usam colete a falar das casas de férias e na realidade possuem apenas um Fiat Uno com uma tapete felpudo de pele de zebra a tapar a mala.

O filme corre bem até ali ao final dos 30 minutos, mas depois é inserida uma artimanha no guião que força a existência de mais uma hora de filme. Ora isto, na minha opinião, é desonesto. É apenas um fraco recurso de quem se meteu à sombra da bananeira com a curta metragem que atraíu tão famosos produtores ao ser candidata ao Oscar em 2005. Há um desenvolver na construção de personagens bastante preguiçoso. Aliás, a cola que junta e constrói a lógica deste filme é o cliché, sem o qual não se percebia nada e todas as acções, reacções e desenvolvimentos iriam parecer idiotas, forçados e precipitados.

O visual é verdadeiramente estrondoso e caso fosse bem acompanhado por conteúdo do mesmo valor poderíamos estar perante o próximo Nightmare Before Christmas. Não se espera uma revolução na animação, não há assalto à Pixar. Há apenas 90 minutos de tempo mais bem passado do que a ver a novela de vampiros da TVI. É um Boff em todo o seu esplendor.

1 Comment

  1. Pedro Pereira

    Eu gostei!

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