Existe neste momento um tipo de cinema americano de difícil catalogação. Não é um cinema de valores colossais a roçar o PIB de alguns países europeus, mas também não é aquele cinema independente de Sundance dos anos 90, a borbulhar de originalidade, frescura e bizarria. É um meio termo que vive de nomes sonantes em papéis improváveis, de cameos, de orçamentos compostinhos e em que toda a gente parece ser dotada de uma capacidade de argumentar supra-humana e os diálogos apesar de engraçadotes, cheiram a falsete. Não é um cinema mau, mas começa a ser distractivo, injusto e desequilibrado. Salva-se o spoof porno: Up In The Ass!
Não me interpretem mal. O filme não é mau. Mas a sua desonestidade acabou por se apoderar de mim no final e a sensação de burlado não me saiu desde então. Desde que começa até que acaba o filme segue duas linhas. Uma delas, a da jovem Padawan que pretende ser um Clooney digital acaba por se esfumar. A outra linha, a história de amor, arranca de modo envergonhado lá pelo meio e acaba por tomar controlo do filme. E o problema é que toda a narrativa inicial do filme acaba por servir para pouco mais do que limpar o cu, sendo referida fugazmente no final à laia de “Eh, cum carago! Esqueci-me da pita… Vou criar aqui duas páginas manhosas no guião com cheiro a trapaça para lhe dar clausura.”
E é assim que este filme me fica no cérebro. É pena, eu sei, tudo é giro e a palpitar de empatia, como se requer neste tipo de filmes. Mas a falta de suminho é como uma dor latente num molar teimoso . É ténue e omnipresente que cresce para proporções elefantinas. Não sei se era este o propósito de Jason Reitman, mas este é o problema de ser um golden child de Hollywood. Basta pedir o carcanhol ao papá e nem sequer é preciso dar explicações. Tudo o que interessa é que o petiz se mantenha longe da cocaína.
Mas ainda assim não é o ódio infinito que me faz desgostar deste filme. O ódio é tantas vezes o catalisador do amor. Up In The Air é um filme agradável que se vê de um trago, como um vinho fresco e adocicado numa tarde quente no matadouro. A banda sonora é muito agradável, a representação é segura e acolhedora, o conceito artístico é simpático e tudo nos faz sentir um pouco mais perto da felicidade, mesmo sabendo que tudo isto não passa de um estratagema manhoso de ilusão cinematográfica que simula qualidade, como o Nespresso, que é bom mas provoca cancro e impotência.
Um filme para se ver ao Domingo com a gaja, foi o que eu achei.
e eu que juntava dinheiro para uma máquina de Nespresso…
Oh Carlos, compra lá a máquina. Compensas a impotência com Viagra e o cancro se não é disso é de outra coisa qualquer. As novas televisões 3D, por exemplo, provocam Sida…