No final dos anos 80 esperava-se ardentemente o tomo 3 da saga Rambo. Era uma ideia que nos dissolvia o cérebro por dentro, não nos deixava raciocinar para além da expectativa da matança anunciada que se aproximava, qual profecia divina. O Escolhido iria mais uma vez salvar os oprimidos naquele que seria, indubitavelmente, o maior banho de sangue da História. Eu e o Zé fizemos uma jura de sangue que iríamos ver o filme juntos, mal estreasse. Para nós não havia muita coisa sagrada. Trocávamos os livros do Patinhas, os discos de vinil (excepto o Master of Puppets e o Number of the Beast) e até as namoradas podiam ser emprestadas se tal fosse necessário. Mas as promessas de sangue eram para cumprir e se envolvessem o Rambo pior ainda. Mas nesse malfadado Verão, consumido por uma desejo incontrolável, fui ver o filme na primeira oportunidade que tive, sozinho, sem o Zé. A sombra da traição ainda hoje me persegue, como um nuvem do Apocalipse que ainda hoje me provoca um ligeiro desconforto a cada vez que vejo o Rambo 3.
Rambo 3 é de uma narrativa tão simplista como qualquer outro Rambo. O argumento resume-se apenas a criar uma desculpa para a matança. Mas ao contrário dos filmes actuais, os Rambos têm sempre um mensagem política bastante forte. Rambo não mata por matar. Desta vez Rambo aterra no Afeganistão para salvar o seu mentor. Pelo caminho tropeça numa guerra que não é a sua, entre a União Soviética e os Mujahedins afegãos, e faz justiça pelas suas próprias mãos num festim apoteótico de carnificina e destruição. Acaba por ser considerado como local people pela sua bravura em combate em defesa de um povo nobre e corajoso. E desta vez Rambo não ama, só mata!
O que me chamou a atenção da última vez que vi este filme foi a constatação, vinte e tal anos depois, de como as coisas mudaram. Neste momento poder-se-ia fazer o exacto mesmo filme, mas trocar os russos por americanos. Os Mujahedins são neste século a raiz de todo o mal, e os americanos andam por lá também a tentar acabar com eles. Ironia das ironias.Mas se o exército americano visse o V for Vendetta veria o problema com outra clareza, é facil matar os homens, é impossível matar uma causa ou um conceito. [Violinos]
Por toda a blogosfera começam a aparecer as crianças dos anos 80 a defender Rambo, o seu herói de infância. Não foi fácil. Já todos nós,cinéfilos, negamos o seu nome numa ou outra ocasião, em alturas em que eramos menos maduros, alturas em que boa cinematografia era incompatível com Rambo. Alturas em que tentámos projectar a nossa personalidade cinéfila arthouse/ indie/ qualquer coisa que impressione gajas. Mas essa puberdade cinematográfica acaba por passar e temos que admitir quem realmente somos, daquilo que gostámos e gostamos. Afinal um bom filme é aquele que nos dá prazer ver, não é o que aquele atrasado mental do Público que também vai falar à SIC Notícias diz ser um “apogeu da modernidade sintética, das banalidades mundanas da supremacia ostensivamente bucólica de uma realidade libertina e, convenhamos, fortemente sexualizada” (a0 falar do Roccos True Anal Stories 14).
Acabaste de realizar-me um sonho de infância. Salvé Rambo III, salvé Cinemaxunga.
Não vi nenhum Rambo, eram coisa de rapazes, mas concordo plemanente com tudo o que escreveste! Ainda vou a tempo de os ver…qualquer dia é um bom dia.
Por efeitos de saúda vesicular e do sistema digestivo, abstive-me de ver o Rambo 4, depois de ver o mitico red band trailer extendido. Depois do pormenor do caríssimo John desfazer o trombil e consequente espinha dorsal de um desgraçado asiático, num tiroteio á queima roupa de metralhadora M90, nesse trailer disse para comigo, “ah, as saudades do John a brincar com arco, flecha e helicópteros miniatura, no deserto da Palestina, a imitar o Afeganistão…”
Então e o Zé?
O único Rambo que vi no cinema!
Grande filme de matança e novamente o Stallone com olhar de carneiro mal-morto de ter pena dele. Faz parte da personagem, o ar de oprimido… que curiosamente só desaparece quando ele está em matança. Deve haver aqui alguma relação. A cena final de luta é espantosa mesmo. Nunca entendi a moda de andarem com as granadas penduradas ao peito. Bummm!!!
Hoje, do alto de outra maturidade já podemos dizer que adoramos o Rambo, seja qual numero tenha o filme. O Rambo 4 foi muito melhor que ver o Indiana Jones 4… é mais sincero como produto e não obra cinéfila.
Esse espertalhão da TV a que te referes percebe tanto de cinema que nem destingue a Brittany Murphy da Jessica Alba
(Obs: a J. Alba ao serviço do R.Sifredi, daria uma irreCUsável delicia de filme entesoasmante totalmente – e eu nem gosto da gaja… ok o “Into the blue” é uma das excepções).
Xiça… esqueci deixar o link com a prova do que dizia sobre esse grande intelectual-cinéfilo (até o é mas como só valoriza uma pequena parte do cinema… desvalorizo-o sempre)
http://armpauloferreira.blogspot.com/2009/12/se-jessica-alba-lhes-parece-brittany.html
Xiça, vi isto há muitos anos, mas depois desta ode ao John Rambo fiquei com vontade de ir sacar…ah…alugar o DVD dos Rambos todos 😉
Carlos, com o Zé as coisas ficaram bem. Afinal tínhamos 15 ou 16 anos, sem stress. Fomos ver o filme ao cinema mais umas 2 ou 3 vezes.
ArmPauloFerreira, a minha interpretação preferida de Jessica Alba é esta: http://www.celebritydisaster.com/storage/Jessica%20Alba%20Infamous%20Bikini%20Post.jpg
Belo rabiosque!
True
queria aqui escrever sobre o rambo mas a porra da fotografia da alba parou-me o cérebro
Exactamente… bela foto bastante ilustrativa da elevação cultural deste debate e a situação dos críticos pseudo-intelectuais que assolam a imprensa deste pais de Camões. Camões curiosamente tinha um só olho bom… no entanto, com a pose mui-sugestiva da foto, dá para imaginar qual é afinal o bom “olho” da Alba. O que vale a pena…
E imagino que ainda nem viu o “Into The Blue”… um filme mesmo de verão… por acaso dava para fazeres um óptima review com este estilo que demonstra recorrentemente.
Já não temos filmes como este hoje em dia onde alguem é alvejado e depois sicatriza a ferida com polvora! Isto é ké um home!
De 88? Quanto tempo demorava a chegar aos vídeoclubes naquela altura? Eu só vi o filme quando saiu para VHS, tinha uns 10anos talvez. Portanto estava mesmo propenso a ser muito influenciado pelo poder do ecran. Uma saga que me marcou muito, o Rambo era o maior, no recreio, na rua e em casa. Aos seus calcanhares talvez o Jean Claude após ver o Cyborg. Já não há acção como essa.
a prova da qualidade destes filmes e que já devias ter escrito sobre isto há muito tempo é a quantidade de comentários que esta e a posta anterior têm. viva o bom cinema carago! viva os filmes de pancada!
Belo filme, já agora uma observação. Não é de louvar que o ter de meter o grande Horácio Caine do CSI Miami,o gajo apareça no único filme do Rambo em que o gajo não mata ninguém?
Nada a ver com este post…
Tens de ver o filme Tony Manero (se ainda nao viste). Acho que daria pra escreveres um texto do caraças, digo eu. Fica a recomendaçao…
http://shinetolife.blogspot.com/2010/07/tony-manero.html