Este fim de semana perguntei à minha filha de 5 anos se queria ver o Commando comigo. Ela, formatada pelas opiniões da mãe, parte do princípio que todos os filmes que o pai vê são horríveis pastas de terror, morte, cocó e xixi (mas com menos piada). Ora, tive que puxar por mim para a convencer e expliquei-lhe que o filme seguia a seguinte narrativa:
O rei Matrix e sua filha, a princesa Jenny, moram no mais belo castelo no alto da mais alta montanha. Passam o dia a passear pelas frondosas florestas de castanheiros a brincar com os animais e a comer gelados. Ocasionalmente o rei finge estar distraído e a princesa Jenny suja-lhe o nariz com gelado caseiro de mirtilhos. Um dia o bondoso rei deu folga a todos os soldados para que possam passar o feriado do reino, o Festivus, com a sua família. Nesse mesmo dia, aproveitando o rei e a princesa estarem a fazer cupcakes de morango, o invejoso feiticeiro Bené invade o castelo. O corajoso rei consegue bloquear a invasão e manda alguns ajudantes o maléfico feiticeiro para o céu dos maus. No entanto o feiticeiro consegue enganar o rei e rapta a princesa. O rei, furioso, promete apanhar o maléfico feiticeiro e dar-lhe uma valente tareia.
Para ir ao encontro do feiticeiro e salvar a sua filha, o rei Matrix vai às compras à cidade. Enquanto compra máquinas de mandar malandros para o céu dos maus conhece a princesa Teodora de Casa Real de Alternia, por quem se apaixona. Faz uma promessa a um menino e depois não a cumpre.
– Mas o rei não é casado com a mãe da Princesa Jenny? Onde está a raínha?
– erm… A mãe era uma fada com asas e teve de regressar ao reino de Bater-a-Bótia.
– Fugiu de casa?
– Não, não. Teve que ir embora porque só pode ficar dois meses no reino dos homens.
– Ah, ok.
A Princesa Teodora promete ajudar o rei na demanda de recuperar a sua filha. Juntos decidem fazer um cruzeiro a uma ilha paradisíaca. Viajam de barco e de avião até ao local onde o rei vai dar a tareia ao feiticeiro. Quando chegam, o rei despe os seus trajes reais e tira a coroa. Pega num barquinho a remos e passa por uma baía de golfinhos que o cumprimentam e lhe dão as boas vindas. Saudado por um grupo de unicórnios debaixo de um arco-íris de onde chovem purpurinas, o rei prepara então as suas ferramentas de dar tareia e passa um pouco de glitter no corpo para ir à festa do bofetão.
– Festa do bofetão? – interrompe a pequena
– erm… Sim. Uma festa com acrobatas e cuspidores de fogo.
– Ah, ok!
Uma vez na ilha de Val Verde o rei diz “Cheguei, amigos!” e começa a grande festa. Alguns soldados do rei perdem a cabeça com esta entrada e outros dão animados saltos. A maior parte cai no chão e não se voltam a levantar. Estão cansados, ficam a dormir. O rei começa então a monumental tareia. “Meninos que se portam mal têm sempre o seu castigo”, diz o rei. Um soldado do feiticeiro fica careca instantaneamente porque foi muito mau. E outro grita enquanto o rei diz “Precisas de uma mãozinha?”. Sempre bondoso este rei, mesmo quando destroi as casas dos maus á força de explosivos.
– Destrói as casas dos maus, papá? Onde é que eles vão dormir e fazer o jantar para as suas famílias? E brincar com os seus filhos? Eles não vão chorar quando virem que as casas dos seus pais foram destruídas?
– Erm… São de Lego. Depois constroem-se num instante. É divertido para todos.
– Ah, ok!
Depois de meter todos os soldados a dormir quentinhos em poças de doce de morango, o rei encontra o feiticeiro. O feiticeiro manda um feitiço ao rei sob a forma de pontapés, mas o rei consegue-o devolver e transforma o terrível feiticeiro Bené numa pinhata. Estava stressado e o rei ajuda-o a descomprimir, soltando algum vapor. Depois pega num pau para o desfazer até ficarem apenas pedaços irreconhecíveis.
– wew! Pedaços de quê?
– Sugus e M&Ms
– Ah, ok!
No fim de tudo chegam os amigos do rei, porque já tinha acabado o feriado. Sorridentes perguntaram ao rei se tinha sobrado alguma coisa para eles da festa, ao que o rei respondeu “Só corpos!”. Fim.
– Corpos?
– erm… não. Porcos. Era uma festa temática porquinha Pepa.
Fim
– Fim? Então mas o bondoso rei não se casa numa festa grandiosa com a princesa da casa de Altérnia?
– Não. Fazem só uma união de facto.
– Mããããããããããããeeeeee….
O texto mais épico de todos os tempos! All Hail Xunga!