Através de uma sucessão de pesquisas mal feitas e erros de correção ortográfica dou de frente com este filme. Choque frontal, como numa recta do Alentejo, sábado para domingo. Já o tinha nos filmes que queria ver, não se enganem, mas entretanto esqueci-me. Que bom que a sacrossanta mão do destino me encaminhou novamente para ele com o seu vento místico e as invisíveis correntes de ar do destino, porque amei do coração do John From. Não sabia, no entanto, nada a acerca deste filme.
Technoboss poderia ser um um porno gay passado numa discoteca chamada “O Chouriço Inflado”, podia ser a história obscura de um indiano numa loja que substitui ecrãs de iphone 5 a 40 euros. Não é. É um enternecedora história de um optimista à beira da reforma que luta, como eu e tu que estás a ler, para combater o negro fado e a melancolia dos dias rotineiros. Um homem a quem as coisas não correm bem, farto das banalidades do ronronar da vida profissional que mantém por vezes ligado mas sem andar. Farto da apatia dos que insistem em se agarrar às agruras e misérias da vida que nunca nos dá o euromilhões e insiste num nível moderado de dor, como um sadomaso celestial que nos brinda ocasionalmente os bons momentos com uma penetração não anunciada.
E ainda assim o nosso herói se vai aguentando, afastando os maus agoiros, agarrando-se às coisas boas. Também se deixa afetar, é certo, mas o final do filme brinda-o e brinda-nos com uma terna e quente resolução.
Bem jogado, João Nicolau. Este realizador que sabe como ninguém manter os seus personagens nos limbos da fantasia e da vida real, exteriorizando também aquilo que somos todos nós e por vezes temos medo de partilhar por pensar que mais ninguém assim é. Parabéns também ao Miguel Lobo Antunes que sem experiência em representação em cinema nos faz sorrir de esperança. Bela surpresa.
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