Os filmes da minha adolescência foram maioritariamente slasher movies de extrema violência. Ainda assim já vou com 36 anos e ainda não matei ninguém. Não havia necessidade de proteger as criancinhas das influências satânicas da violência televisiva. A malta sabia que eram apenas filmes. Nos dias de hoje protegemos as nossas crias da nefasta influência da violência mostrando-lhes filmes de vampiros que brilham ao sol, mortos-vivos deprimidos crónicos com paralisia facial e cuja única carne humana que comem é pénis, normalmente de empurrão…
Author: pedro (Page 22 of 39)
Hoje não falo de filmes nem de deboche. Para quem não sabe, o product placement é a buzz word que define “colocar descaradamente publicidade em filmes, séries, jogos ou outros produtos de multimédia e entretenimento”. Outra coisa que eu quero dizer, e já que estou numa fase da vida de desabafo, é “Odeio a Apple”. E o mais curioso é que nunca fui cliente nem usei nada da Apple. Eu sei que tenho amigos e leitores completamente Apple-dependentes que mais depressa afagavam o testículo do Steve Jobs do que davam sangue à própria mãe. Mas não já estou num ponto de não suportar a ideia criada por Hollywood de que o único telemóvel do mundo é o iPhone, o único leitor de MP3 é o Ipod, os únicos portáteis são os Mac e agora esta insuportável pasta de merda seca que é o Ipad.
Sexta-Feira chuvosa. Estava eu num bar de alterne na Zouparria a olhar para cinco prostitutas deprimidas. Entre todas partilhavam 12 dentes e 382 era o total das suas idades somadas. Fingi beber a minha água campilho e saí pela janela da casa de banho, sem pagar. Estava a precisar de um bom filme para lavar a alma. Apanhei o início do Spirit num canal Premium do cabo. Passados 30 minutos estava a ponderar se não seria menos doloroso arriscar gonorreia com a Jandira, uma brasileira que se orgulhava de ter feito duas mamadas a Goebbles na altura em que ele ainda era presidente da junta de uma pequena freguesia nos arredores de Frankfurt.
Uma ilustração de uma testemunha de uma sexta-feira santa na vida de Chewbacca no lado negro. Devassar o rego da princesa Leia antes do pequeno-almoço, arrancar novamente a cabeça àquele insuportável android gay, pedir de volta os 500 paus que emprestou ao Hitler num bar em Malkinia (Polónia) em 1939 e devassar o rego da esposa do seu primo Fred antes do almoço.
Imaginação, essa característica da mente humana tão em desuso. Para que se possa contar com a previsibilidade de um mundo uniformemente cinzentão é preciso que todas as pessoas sejam desde cedo refreadas de qualquer centelha de pensamento abstracto ou sentido de humor. Actualmente as nossas crianças mais imaginativas são brindadas com o título de “hiperactivos” e uma visita ao psicólogo. Spike Jonze, esse mestre do subconsciente, faz-nos um retrato fiel do que é ser criança, do que é encontrar conforto fora da realidade, do que é compreender o incompreensível.
Ideia para filme arraçado de BD: Um arqueólogo encontra um túmulo perto do Vale dos Reis, Egipto. Ao entrar na câmara proibida encontra duas maldições: a do Escaravelho de Mármore preto e outra que não consegue decifrar. Anos mais tarde começa a aperceber-se que está a ficar com poderes. Transforma-se no Homem-Escaravelho, capaz de criar e enviar quantidades incríveis de excrementos acomodada sob a forma de bolas. De dia é o mais notável arqueólogo do planeta, de noite combate o crime atirando gigantescas bolas de merda paralisantes ou explosivas. O seu esconderijo é na pirâmide de Gizé, onde tem um exército de 200.000 hamsters a produzir energia eléctrica e toneladas de fezes para os seus gadgets…
Já antes ouvira falar de Spongebob, mas confesso que nunca vi nada desta famosa série de TV. Tive a oportunidade de pegar no DVD da versão “big screen movie” e li o argumento. Mas quem consegue resistir a um filme onde o vilão maléfico é um pedaço de plancton que quer conquistar o mundo (à laia de mr. Ernst Stavro Blofeld)? E onde se promete surrealismo que faria Dali enrolar os bigodes de vergonha? E que ainda por cima tem David Hasselhoff a dar uma perninha que faz lembrar aquele reclame do Ice Tea com o José Cid? Eu concerteza que não… Alguma vez viram alguém conduzir uma sandwich? Eu já…
Apesar do teu lugar garantido na imortalidade dos tempos, apesar de continuares junto de nós pela tua obra, a tua falta será sentida. Mas se por acaso voltares, trás 2 kilos de laranjas, meia dúzia de ovos e 250 gramas de chourição Ibérico da mercearia do senhor Amilcar. O chourição é Gran Doblon, sem picante e pede à senhora para tirar a gordura.
Apesar desta crise artística e criativa que afecta o cinema português desde 1895, é errado dizer que tudo o que cá se faz não passa de um nefasto agoiro, capaz de meter medo ao susto. Há obras ocasionais que fazem levantar o sobrolho. Vi este Odete sem esperança, sem um único pingo de expectativa, preparado para a mais abominável obra alguma vez concebida por um ser humano, capaz de provocar farto vómito a alguém que esteja há duas semanas em greve de fome. E em parte até acertei. É retorcido e disforme. Bizarro e animalesco. Doentinho. Mas no bom sentido.
Queixava-se ontem o David de que Portugal era tão miserável que nem filmezinhos de acção de “Porrada e Explosões” tem. Ele tem razão, Portugal a nível de cinema é miserável, mas no que diz respeito a acção temos o imortal e mortífero Zé Gato, o herói da TV do início dos anos 80. Tem murros e explosões tem pelo menos uma que me lembre. Foleira, é certo, mas ainda assim uma explosão. Não me lembro bem da estreia, uma vez que tinha 6 anos, mas lembro-me dos re-runs no mítico “Agora Escolha”. Música épica. Era o reinado do Fiat 127 e do Renault 5…
Desenganem-se aqueles que pensam que o filmezinho de acção brainless em que toda a lógica é retorcida de modo a que a narrativa possa ser reencaminhada para um sem fim de lutas e proezas físicas de duvidosa credibilidade é um exclusivo do cinema de Hollywood. Todos os países têm os seus “filmes de porrada e explosões” para entreter esta grande comunidade de barrascos que habita entre nós. Assumir que se fez um filme brainless é nobre, mas querer fazer passar uma obra monolítica por um épico intemporal injectando mitologia nonsense é uma armadilha narrativa em que os russos caem sempre. Efeito secundário: transforma-se um “murro e balázio neles” numa comédia involuntária capaz de criar um Ed Wood instantâneo.
Por esta altura poderiam dizer-me que o próximo filme do Wes Anderson se iria chamar “Dermatite Seborreica – O filme” que eu ia ver sem pestanejar. Poderiam dar-me um bilhete tirado directamente do intestino de uma vaca, ainda fumegante e húmido que eu pegava nele para ir ver o filme. Carago, até podia ser a adaptação do clássico de Eurico A. Cebolo “o Falo Perdido”. Eu ia… Mas eu não estava realmente preparado para que o próximo filme de Wes Anderson fosse uma animação para a família.
Inspirado que fui por um email do Dermot, trago-vos a minha lista de filmes de baixo orçamento. Incompleta, como todas as listas que se prezem, mas honesta. São 10 filmes que souberam gerir a ausência de capital para ainda assim criarem obras de relevo. Alguns nem de limões precisam para fazer limonada. Às vezes tão simples como ser astuto na escrita ou manusear a câmara de maneira pouco ortodoxa, outras vezes usar a cozinha da mamã para criar efeitos especiais de qualidade surpreendente. E sem mais demoras, vamos para o número 10.
10 – Eraserhead (1976) – David Lynch
Filmado a preto e branco, minimalista e sob uma desconfortável e constante banda sonora industrial, é uma verdadeira orgia de surrealismo. David Lynch fez a festa com meia dúzia de tostões e os cinéfilos mundiais à procura de novas sensações e conceitos adoraram. Vi este filme em Coimbra, no tempo das salas de cinema majestosas acompanhado por 7 pessoas que no final do filme eram só 3. Foi a primeira vez que vi um homem assumir a paternidade de um frango assado. E talvez tenha sido também a última.
Depois de um contacto anónimo por parte de um tal de “Alcides das Meãs”, Chewbacca foi encontrado numa velha pensão húmida, em que os quartos são maioritariamente alugados à hora por prostitutas com má higiene dentária. Foi-lhe pedido que voltasse e recusou. Falou numa dívida que tinha aos barões do churrasco de Sandim. Uma avultada soma que lhes pediu para investir num projecto inovador na área do besugo em aquacultura desapareceu misteriosamente num estabelecimento chamado “Febra e Mexilhão – Carnes Importadas”, depois de uma atribulada maratona de jogo de cavalo de pau, um nome de código para um jogo ilegal chamado “pau de cavalo”.
Tu, leitor genérico, és uma pessoa equilibrada, relativamente satisfeito com a tua qualidade de vida. Um bocadinho de ansiedade de status, o que é perfeitamente normal numa pessoa com alguma ambição. Vida sentimental e familiar agradável, uma amante ninfomaníaca nalguns casos. Uma vida que não sendo de êxtase permanente, está num nível aceitável daquilo a que convencionamos chamar “felicidade”. Mas um dia vira-se à porta de tua casa um camião de anti-depressivos, beta bloqueadores e ansiolíticos. Como podes dar uso a este valioso tesouro se o teu cérebro está bem equilibrado? Se ao menos fosses uma pessoa deprimida não vias esta oferta como uma inutilidade. O que pode provocar uma depressão instantânea tão imensamente poderosa que necessite de um camião de fármacos? Na minha opinião, este filme…
Apesar deste meu aspecto de cepo unidimensional com sérias limitações intelectuais e culturais, sou um estudioso amador da Segunda Guerra Mundial. O suficiente, por exemplo, para ter ido à Normandia ver com os meus próprios olhos ou para me ter sentido terrivelmente emocionado ao ler a mensagem de homenagem aos 60 milhões de mortos que está debaixo do Arco do Triunfo em Paris. Documentários, livros, museus… Tudo o que consigo encontrar. Não morri de afectos pelo “Saving Private Ryan”, porque a narrativa não acompanha o visual. No entanto adorei a introdução. Band Of Brothers é uma das minhas séries preferidas. Esta semana estreou The Pacific, que conta a parte da Guerra que tendemos a ignorar na Europa, entre os Império do Japão e os Estados Unidos por todo o oceano Pacífico.
Cinema Português, esse imenso buraco negro da boa vontade. Sempre que nos aproximamos de um filme nacional com a esperança de finalmente haver uma obra cinematográfica capaz de orgulhar a nação, a nossa boa vontade é sugada por um vórtice de tão colossal vazio que nem a própria gravidade escapa, transformando a esperança em fúria. Raiva suficiente para incendiar uma sala de cinema, demolir a sede do ICAM ou enforcar um produtor. Mais ou menos como ser agarrado pelos tomates, despido, e ser arrastado por um campo de urtigas e silvado selvagem a caminho de um alguidar de metanol.
Portugal, 1983. Fartos bigodes, cabelos tratados com Olex e volumosas permanentes invadem a moderna cidade de Lisboa. Os anos 70 em Portugal tiveram lugar nos anos 80, até porque na década de 70 o pessoal andava ocupado com revoluções, manifestações e liberdade recém conquistada. Milhares de pessoas aglomeravam-se nas bilheteiras de cinema para terem lugar numa sessão de “Garganta Funda”. Mais ou menos como arranjar um bilhete para os U2 em 2010. Os Sigue Sigue Sputnik estavam para rebentar a qualquer altura. Portugal delirava com a sua primeira novela, Vila Faia e toda uma nova geração de actores fervilhava de actividade e exposição mediática.
VIU ESTE WOOKIE?
Desapareceu há cerca de um mês do seu blog de abrigo. Chewbacca vestia na altura do seu desaparecimento uma pochete de cabedal com uma colecção de isqueiros zippo na alça e apresentava sinais de perturbações mentais. Se o vir não tente entrar em contacto com ele, uma vez que nos encontramos na época de acasalamento wookie. Para evitar que seja violado durante 56 horas por um contundente pénis helicoidal, use o contacto deste site aqui. Obrigado e que os Lordes de Kobol vos abençoem.
Domingo à tarde. Almoço de família. Depois das 17 sobremesas finalmente chegamos ao sofá. As crianças brincam e gritam ao nosso redor. Umas torturam animais de estimação, outras incendeiam os cortinados. Da cozinha ouvem-se os gritos de protesto “Vocês são uma merda! Em vez de nos ajudarem a arrumar, vão directos para o sofá.” A TV bloqueada na SIC. O controlo remoto longe do alcance dos braços. Enquanto termino a minha água com gás na esperança de uma digestão pacífica, lá está ela. Como nos tem habituado aos domingos à tarde, Cameron Diaz em cuecas…
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