Há uns tempos, num episódio do podcast Nalgas do Mandarim, falava com os meus amigalhaços co-apresentadores acerca do fenómeno da última década e meia das adaptações de videojogos para cinema. E, como de costume, elencavam-se argumentos rezingões de velhos furiosos com o avanço dos tempos acerca do tema “No meu tempo é que era bom”. Neste caso de nos anos 80, 90 e inícios dos 2000s, os videos jogos mimicavam os filmes que víamos, o cinema era a força motriz por detrás da jovem, imberbe e imatura indústria dos videojogos. Para quem tem andado distraído nos últimos 20 anos, as coisas mudaram drasticamente. A indústria dos videojogos, principalmente da gama AAA, é lider no entretenimento e o cinema e TV agora adoptam os jogos em blockbusters e séries premium nas plataformas.
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Um homem simples e humilde. Ligado a uma rotina espartana, rigorosa. Austera… O tempo pinga vagarosamente enquanto aprecia os prazeres que o mundo abandonou. Contempla os efeitos da natureza nas obras do homem. Ou a obra de Deus, se formos religiosos. Limpa diariamente as belas retretes de Toquio, sempre atento e completista. Wim Wenders leva-nos pela mão a uma visita de estudo da simplicidade, do abandono dos modos vertiginosos da atualidade em prol de paz de espírito, a bem da saúde mental, enfiado mesmo no centro do furacão dessa mesma vida caótica e consumidora. Um estilo de viver minimalista e analógico. Cassetes áudio e livros de bolso em segunda mão. Um colchão fraquinho que me fez doer as costas mesmo sem me deitar, madrugadas fotocopiadas, uma cópia de uma cópia de uma cópia, curiosamente dos antípodas do Fight Club.
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Uma família de subúrbio muito feliz. Casa bonita e espaçosa, decorada de modo sóbrio e realista, uma existência idílica quebrada pela morte da mãezinha. “Oh, não! E agora?” Diz o pai aflito que estava tão bem na vidinha dele, afogado em trabalho, confiante nas largas costas da esposa que alombava sozinha todos os afazeres da casa. “Caraças, então, mas agora tenho que tomar conta da… aquela… como se chama? A minha filha e a irmã?” E é neste ponto que começa o filme, afundado na dor da perda e no luto. Luto, esse, que será pela pintelhésima vez personificado numa criatura escondida nas trevas que se alimenta da tristeza de quem não deslarga o osso da inquietação.
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