No final do Verão de 2012 fiz uns reparos infelizes acerca da falta de qualidade de Dredd 3D baseados apenas no meu preconceito cinéfilo, sem sequer ver o filme ou o trailer (imaginem a heresia). Tendo como amostra todos os remakes e reboots do último par de anos, parti do princípio lógico que seria mais um esgoto a céu aberto para perder tempo e provocar incontroláveis diarreias fulminantes. Devido a esta minha imprudente atitude e grosseira intempestividade não apoiei o filme que mais precisou da minha ajuda. Aliás, da nossa ajuda na sua hora mais negra. Porque não o fomos ver ao cinema, porque não alimentámos a blogosfera com a sua magnificência, porque não o adoramos como o salvador do cinema de acção de ultra-violência que tanto amamos, porque fomos fracos e deixámos que a cruel contabilidade do movie making americano lhe cortasse todas as perspectivas evolutivas enquanto potencial saga cinematográfica. Pelas minhas falhas e persistente imaturidade peço desculpas e rogo à vossa caridade enquanto pessoas de bem que só querem ver chacina sanguinária e violência sem limites na pacatês do vosso lar e na sala de cinema dos vossos dealers de cinefilia que saiam para a rua, gritem, espalhem a palavra de Dredd. Escrevam cartas ao vosso vereador, ao FMI, despeçam-se, deixem de se barbear (ou rapar os genitais) e corram o mundo usando sempre a mesma roupa interior a bater de porta em porta a perguntar “Sabe quem é a lei?”. Façam-no antes sequer de ler o resto deste artigo que deverá ser tão desinteressante como todos os outros. Voem, minhas pombas, espalhem a lei, promovam o juíz a ver se nos fazem uma continuação (sequela em portinglês).
Tag: alternativo (Page 1 of 8)
A vida de um pai de família, por vezes, tem temporadas de inferno Disney, em que apenas se vê canal Panda, musicais de qualidade duvidosa onde toda a gente veste fatos de pelúcia com animais personificados, cinema infantil a puxar para a lição de moral, minúsculas fadas voadoras com nome de prostituta de jornal, cães, gatos, tartarugas, vacas, lesmas, ornitorrincos ou famílias de pinguins que celebram o dia de acção de graças e toda uma parafernália de entretenimento capaz de levar à loucura o próprio Dalai Lama. Já não há sequer paciência para Clone Troopers nem para a versão 3D do mestre Yoda. São alturas como estas em que sentimos saudades de um bom massacre. Decapitações, trucidações de comboio a grupos de escuteiros, autocarros de freiras septuagenárias atirados em chamas para fossos de crocodilos. Facadas, esventramentos, degolações, violações em massa por grupos de motoqueiros com Sida (e os seus cães). Estes pequenos prazeres que nos ajudam a equilibrar a mente , para que não nos deixemos influenciar por criaturas de peluche que passam a vida a ostentar piqueniques pomposos e casas de características milionárias sem se lhes ver nenhum meio legal de subsistência.
Em meados dos anos 90 usava as funcionalidades da recente Internet para alargar os meus horizontes cinéfilos. Finalmente estava livre das revistas pagas e fortemente parciais, os críticos mega-estelares com elevada auto-estima da imprensa nacional ou o Top Video na RTP1. Não havia ainda redes sociais, mas havia email e sites mono-página com gifs animados que rodavam a dizer “new” e “hot”. A IMDB dava os primeiros passos e ainda não tinha sido comprada pela Amazon. Um dos meus penfriends por email era um jovem sueco que partilhava comigo o gosto pelo cinema fantástico, terror e sci-fi. Trocávamos filmes em VHS. Eu preferia trocar filmes com suecos e holandeses porque eles também não dobravam os filmes, tinham legendas como nós. Eu mandava-lhe um anexos chamado movies.txt e ele devolvia com os que tinha e os que queria. Um dia esse meu amigo sueco (que não lembro o nome nem tenho o contacto) enviou-me um extra, um filme sueco falado em Inglês chamado Evil Ed. Ele insistiu por orgulho patriota que lhe desse prioridade e assim fiz. E foi assim que vi e revi Evil Ed, um tesouro sueco .
Hoje vamos dar um salto ao cinema da extinta URSS para uma pérola de extravagancia soviética, uma misto de ficção cientifica com o mais puro slapstick, um dos exemplos mais famosos de blockbuster soviete. É praticamente impossível resistir a um filme cujo título internacional é “Ivan Vasilievich: Back to the Future”, que mesmo não tendo nada a ver com o homónimo de Michael J. Fox, partilha a sensação de afligimento de quem está involuntariamente entalado numa época que não é sua. No final do filme conseguimos responder à questão meta-física que mais atormenta a humanidade do século XXI: “Porque necessitamos nós de um carregador solar para o nosso smartphone? Para o caso de viajarmos acidentalmente para o passado…“
Qualquer um de nós tem a mesma sensação quando olha para os cartazes em dos filmes em exibição nos multiplexes nacionais. Parece tudo o mesmo filme ou então parecem todos cópias de um estilo específico. Olhamos para qualquer cartaz e percebemos rapidamente a história do filme, o seu progresso e o final. É a triste verdade. Em termos cinematográficos, os nossos salas alimentam-nos sempre a mesma porcaria. Ocasionalmente um improvável filme extra-Hollywood fura esta lobby americanizado do “Tudo o que não é Hollywood é mau!”. Desta vez o cinema de acção americano recebe dois valentes bofetões bem assentes no focinho da Indonésia. The Raid é o melhor filme de acção dos últimos anos. Imparável, electrizante e inovador. Não poupa os espectadores das cenas mais bárbaras e até tem um história e tudo. Vamos então dissecar este bordoada-fest indonésio com tendência para o ocasional desmembramento e a decapitação acidental.
Passados uns anos desde que Avatar nos envenenou os cérebros com as promessas de um maravilhoso mundo novo que afinal era velho e que afinal era mais uma artimanha desonesta para nos sacar os tão preciosos euros que parecem agora mais essenciais do que nunca, eis que qualquer produção cinematográfica que se queira levar a sério opta agora por se distanciar desta fantochada que é o 3D. Convenhamos, não existe nenhuma vantagem em ver um filme em 3D. Em retrospectiva, quando nos tentamos lembrar dos filmes que vimos em 3D, as memórias aparecem em 2D, o que é um claro sinal que o nosso cérebro é mais inteligente que nós. E antes que esta tecnologia se desintegre nos fossos do esquecimento e dê lugar uma nova época em que a trepidação das cadeiras nos faça cócegas nos testículos (e equivalentes) para adicionar drama ao re-re-re-re-re-re-reboot do Spiderman, vamos lá dilacerar este cadáver.
Depois da balbúrdia deixada na Europa dos anos 40 por Adolf Hitler e o seu séquito de fanboys, pouca simpatia passaram a colher junto das populações. É certo que lhes era reconhecido bom gosto em vestuário, maquinaria e objectos de adorno pessoal, mas chacinar meio continente com o pretexto de que não se dão bem com vizinhança barulhenta raramente gera empatia junto daqueles que apreciam viver sem a eminente ameaça da execução sumária. Há, no entanto, duas notáveis excepções para estes safardanas de belas casacas, falas rudes e apreciadores de um reluzente prepúcio intacto: o Nazi zombie (clássico intemporal) e o Nazi do espaço. Eu não acredito em nazis que se esconderam no lado negro da Lua durante quase 70 anos a criar uma sociedade ariana e tecnologia bélica capaz de obliterar grande parte do hemisfério norte do planeta Terra, mas que os há, há!
Cheguei mais cedo a casa. Ainda tinha tempo de ver um filme antes que o infernal furacão de imparável destruição e balbúrdia apocalíptica chamado rotina com crianças tivesse o seu início. Descalcei-me, gritei de dor lancinante e deixei que as lágrimas me escorressem pela cara devido a uma pequena cabeça de Mickey (da Lego) que se tinha acabado de me cortar um tendão e estava agora alojada da parte mais dolorosa do metatarso. Sentei-me, absorvi o sangue com um casaco da Barbie e liguei o meu mediacenter. Corri todos os filmes que me pareceram boa ideia quando os “adquiri”, mas curiosamente nenhum deles me fascinava. Filmes de extraterrestres, violência perfeitamente gratuita, humor negro e ofensivo, pornografia sueca dos anos 60, super-heróis de calcinhas de licra enfiadas no rego, monstros, filmes com acontecimentos de tal envergadura que podem acabar com o mundo (várias vezes) e uma pasta chamada “Corredor da Morte”, onde coloco os filmes até ter coragem para os apagar. Quem diz apagar diz outro verbo qualquer com sonoridade menos ilegal. Bem, carreguei no play em “The Kids Are Alright” e deixei-me embalar pelo confortável ambiente familiar de um lar onde um casal de lésbicas em crise de meia idade tenta salvar a sua tempestuosa relação.
Todos nós odiamos os Estados Unidos da América como odiamos o nosso dealer, sentimos um revoltante repúdio mas não conseguimos deixar de consumir os seus produtos. Basta ver as notícias com regularidade para perceber que ideologicamente alguma coisa está diabolicamente distorcida do outro lado do Atlântico, seja porque houve mais um puto a dizimar duas turmas do liceu ou porque foi adoptada mais uma medida belicista de agressão externa para permitir que os preços do petróleo se mantenham constantemente em valores altíssimos. Apesar de ninguém resistir aos encantos belicistas deste belo povo que não abdica do ocasional incesto com fins reprodutivos, é na religião que aparecem as maiores barbaridades. O seu Deus é baseado num conceito muito elástico que se parece moldar perfeitamente em redor do seu modo de vida ao mesmo tempo que conjura as labaredas do sétimo patamar do Inferno para todos os que não concordem com o American Way of Life. E é este terreno pantanoso das barbaridades feitas à sombra da religião e de um Deus castigador que Kevin Smith nos apresenta, numa América profunda, ignorante e fortemente racista. Sem Silent Bob nem nenhum Clerk, apenas a frieza de uma fé punitiva e de uma guerra que põe frente a frente dois tipos de insanidade diametralmente opostos mas igualmente devastadores.
No final da sessão do Captain America mal consegui conter o vomito até chegar à casa de banho do cinema. Enquanto cabritava restos do almoço em convulsões tão poderosas que poderiam deslocar facilmente uma omoplata a um iniciante das artes do gregório, um amigo que foi comigo ao cinema colocou a sua mão no meu ombro e disse bondosamente “Oh Pedro, há mais filmes no mundo. Não gostaste deste podes sempre ver outro.” Ergui a cabeça, racionalizei no que ele tinha acabado de dizer, levantei-me e dei-lhe uma cabeçada no nariz. Antes de ele ter tempo de bater com as costas no chão, já o meu pé o esperava e assim foi de pontapé em pontapé até à outra ponta dos sanitários quando a sua cabeça foi violentamente impedida de prosseguir por uma parede de mármore. Enquanto lhe desfigurava a cara inconsciente numa sucessão de uppercuts, sussurava-lhe aos ouvidos as palavras “Quem te disse que me podias acompanhar para a casa de banho dos homens? E quem te disse que me podias tocar?” Horas mais tarde, quando acabava de o enterrar num monte ali para os lados do Pinhal de Marrocos, pensei “O Cabrão tinha razão. Posso ir ver outro filme e salvar o dia”. Fui novamente para bilheteira, comprei um bilhete para o “Super 8”, respondi com um “E se fosses levar no cu?” à pergunta “Vai querer pipocas também?” e entrei sala adentro na esperança de um mundo melhor, um mundo onde a paz finalmente reinará, onde as nossas crianças possam jogar Carmageddon sem precisarem de mentir acerca da sua idade real, onde uma fibra sintética à base de polímeros de carbono possa substituir a exploração inumana de alpacas na américa do sul para a produção de lã e a prática sexual conhecida como minibus (dois à frente, cinco atrás) deixe finalmente de ser tabu.
A mente de um jovem geek é um fervilhar tão denso de conceitos que qualquer objecto, situação ou memória é pretexto para uma aventura imaginária com o próprio no centro da trama em que para se chegar a qualquer objectivo é necessário batalhar dragões, atravessar campos de arroz pejados de mercenários chineses com artilharia pesada que nunca acertam no alvo, chacinar um Dojo inteirinho cheio de ninjas, samurais e macacos assassinos munido apenas de um par de matracas e facas nos sapatos, escapar a torpedos de fotões e destruir a nave mãe com disparos cirúrgicos nos motores FTL, matar o vilão reptídeo com dois sabres de luz ao som de Navras da OST de Matrix (Juno Reactor), salvar a miúda jeitosa, leva-la para casa para um quarto escuro e copular até a fricção provocar um intenso cheiro a carne assada. E depois quando acaba a fantasia, uma masturbaçãozinha de rotina.
Sou orgulhoso proprietário de uma versão do The Fog em VHS. O valor de compra, depois dos respectivos ajustes para o nível de vida atual, é quase pornográfico e o seu estado à altura da compra já era de relativa decomposição. Era uma cópia (original, oficial e carimbada) de um clube de vídeo. Não é uma edição normal, como aquelas dos últimos tempo do VHS. É uma edição especial, capa de grande formato, almofadada, com bordo debruado e tons de dourado pintados por cima da capa. Um vez aberta tem o logotipo da editora por dentro e o rótulo principal da cassete é rico em prateados da mais pura filigrana tipográfica. Qualidade de imagem, uma merda, qualidade de som, phunf, phunf, phunf. E eu amo-a assim, em toda a sua imperfeição.
A educação nos anos 70 e 80 tinha algumas falhas que aos olhos de hoje podem ser consideradas “primitivas” ou “retrógradas”, tais como a barbaridade de não se poder usar calculadoras em exames ou a aberração de se poder chumba (meu Deus, chumbar!) caso a qualidade dos conhecimentos não ficasse devidamente provada por escrito. Mas havia uma coisa que não existe hoje, que era o incentivo ao respeito pelos mais velhos. E uma coisa que aprendemos é que não se pode julgar um ancião por ter forrado o sofá com fezes ao ter confundido a sala de estar com a casa de banho, mas que devemos sempre ver nele o homem que em tempos foi e a obra que deixou para trás.
Numa altura em que o marketing corporativo dos grandes estúdios de cinema faz lobby constante para passar a ideia de que a qualidade de um filme se mede pelo orçamento e box office, já poucas são as pessoas que se aventuram por obras de orçamento reduzido temendo que a equação hollywoodiana da relação/qualidade tenha alguma veracidade. Mas o certo é que não tem. A capacidade de encantar o cinéfilo com um bela narrativa nada tem a ver com o orçamento e os meios envolvidos. E uma prova desta afirmação é o fabuloso filme The Man From Earth, um filme que ficção científica que conta a mais cativante história de sempre. É passado numa sala e consiste num amigo que conta a sua história de vida aos seus amigos. Só diálogos e imaginação para criar a “greatest story ever told”.
Depois do Apocalipse provocado por uma invasão de térmitas gigantes consumidoras de madeira e viciadas em cabeças humanas, o planeta está transformado num espaço desolado. Os humanos estão divididos em dois grupos, os escravos vestidos com fatos de pirata da Babou ligeiramente modificados para parecerem pedintes e os capangas das térmitas vestidos com barbas postiças do Deborla e camisas excessivamente brilhantes como os fatos de cowboy que os chineses vendem no Carnaval. Mas um esperança cai dos céus, um grupo de astronautas que esteve ausente durante 40 anos e que, desafiando todas as leis da física, lógica, química e canónica, vão lutar pela supremacia da raça humana. Um telefilme do canal Syfy. Poderia ser a pior pedaço de matéria morta alguma vez cuspida e escarrada para as nossas televisões, não fosse um simples factor que faz subir uma produção de esgoto a céu aberto a fantástico guilty pleasure: Bruce fuckin’ Campbell.
Numa altura em que um filme que conta a história de um pneu que ganha vida e, ainda por cima tem o poder de telecinese, é encarado pela comunidade de cinéfilos com dois bocejos, já nada consegue surpreender aqueles que consomem cinema há mais de duas semanas. Por muitas artimanhas e conceitos originais que se injetem numa história há sempre, pelo menos, meia dúzia de precedentes que o fizeram com mais sucesso. Sendo assim, resta-nos ter fé no cinema e esperar que esta falta de originalidade possa ser substituída por uma direção competente e uma narrativa que se saiba aguentar até ao final sem levantar sobrancelhas.
Os anos 80 foram uma época muito conturbada para aqueles que, como eu, viveram lá parte importante da sua adolescência. Tão conturbada que eu só me senti preparado para enfrentar os anos 80 mais ou menos a meio dos anos 90, ali naquela altura em que Kobain se suicidou e a música passou a ser merdosa em todas as frentes e géneros. Todas as tentativas até essa altura para assassinar Bon Jovi falharam, incluindo aquelas que envolviam viagens no tempo. Isto explica o estado vegetativo/zombie do conceito clássico do Rock e todas aquelas cantorias pop que se ouvem actualmente na rádio onde não se consegue identificar um único instrumento musical ou outro qualquer som que não se parece com uma variação multitonal de um enxame de abelhas dentro de um latão de zinco.
1991, Agosto em Monte Gordo. Tinha acabado de recuperar a consciência daquilo que vim mais tarde a saber ser um black out de 21 horas. Parecia ser uma festa de Verão e milhares de respeitosas donas de casa vibravam libidinosamente ao som de uma banda em palco. Demorei algum tempo a perceber o que se passava, o som enrolado em flanger e um forte sabor a laca Fiero que parecia escorrer em bica pelo esófago não ajudavam a melhorar a percepção. Cedo percebi que os Trio Odemira tocavam Anel de Noivado e fui apanhado desprotegido no meio das suas harmonias hipnóticas e na execução perfeita de uma música que já na altura era um velho clássico. “Inundada no seu pranto. O seu vestido vai molhando, Ao chorar de amor por mim”, cantavam imperturbáveis pelos gritos histéricos, desmaios e apelos ao deboche adúltero. “Faz-me um filho”, gritava uma octogenária semi-nua estranhamente atraente que parecia acariciar-se ao meu lado. Não sei se foi do álcool, das drogas ou de uma cataplana de peixe que não me caiu nada bem, mas senti um capacete de eletricidade estática a massajar-me as têmporas, como tentáculos de ondas alfa e impulsos de telequinese, e os edifícios pareciam ondular ao ritmo dengoso dos baladeiros alentejanos. Anos mais tarde, depois de ter visto recusada uma proposta de tese de final de curso sobre os Trio Odemira e das terapias de eletrochoque se terem revelado inúteis para apagar esta memória parasita, aprendi a viver com ela e hoje vou partilhar convosco o potencial cinematográfico de tão melosa balada.
O sub-género do cinema de terror chamado torture porn vive tempos de expansão. Não é um estilo que goste, longe disso. Acho-o inutilmente excessivo, gratuito, exibicionista e vazio de mensagem ou narrativa. É o choque pelo choque, a tortura em lume brando, que não é nada de novo. A cada dez anos surge uma vaga desse cinema. Human Centipede é um filme que encaixa neste estilo, um filme que nasceu da especulação mediática dos sites e revistas da especialidade. E foi esta habitual desonestidade do hype que nos obrigou a vê-lo. Porque isto é mesmo assim, tínhamos que o ver. E a única conclusão a que chegamos é que Kevin Smith tinha razão em Clerks II: “You never go ass to mouth!“
Franceses, não se pode viver com eles, não se pode viver sem eles, não se pode amarra-los a uma pedra e manda-los para o fundo do mar mediterrânico. Apesar de pretensiosos e pouco afáveis, são exímios em queimar carros, comercializar improváveis queijos e fazer filmes com alguma substância. O que não é o caso deste filme que vos trago hoje, que apesar de vir de um talentoso Mathieu Kassovitz e financiado pelo poderio Hollywoodiano, acabou por morrer na praia. Sem honra nem glória. Como um malabarista de motosserras atacado por Alzheimer fulminante.
Recent Comments