Andava Chewbacca numa mercearia e escolher fruta para uma festa de Natal que iria organizar em casa quando a seu lado se assomou uma criança. Sorrindo para a gentil besta peluda, a criança abriu a boca e deixou sair um sonoro e esganiçado “grawwrrwwaurr”. Chewbacca rolou os olhos e perguntou. “Gostaste do filme puto?”. O miúdo meio atordoado de ver Chewbacca a articular palavras humanas responde “Humm… Filme?”. “Sim, o filme!”, diz Chewbacca a ficar irritado com a perda de tempo. “Não sabia que também havia um filme. Só tenho tua máscara, os Legos, os bonecos, as t-shirts, as meias, as cuecas, um tapete, mobiliário, a decoração do quarto, o relógio, papel higiénico, papel de alumínio, frangos assados do “Reino da Frangália” com embalagem em carbonite, aqueles novos sacos para apanhar a merda de cão, o shampôo que uso quando acaba o bom, serviços de louça, faqueiros, uma fiambreira que faz os sons de Tie Fighters para a frente e dos X-Wing para trás, o casaco do meu cão, a capa do telemóvel da minha mãe, as chinelas de quarto do meu pai, uns balões muito fininhos de marca control que minha mãe tira do fundo da gaveta para quando o Sr. Anacleto da farmácia lá vai a casa entregar o Ben-U-Ron, as novas embalagens de Ben-U-Ron e um conjunto de agricultura macrobiótica para ambientes árticos que o meu pai comprou porque estava com 40% de desconto”.
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No processo de criação de um filme é frequente o realizador não estar directamente envolvido em alguns aspectos, como o marketing por exemplo. Tal não era o caso de Stanley Kubrick, obsessivo em todos os aspectos do processo de desenvolvimento do filme, desde o catering aos detalhes de projecção em sala. Para a promoção de The Shining, Kubrick contactou o designer Saul Bass (que colaborou anteriormente com ele em Spartacus) para criar o poster final. Várias foram as propostas rejeitadas por Kubrick, cada uma delas com anotações justificativas. Deixo alguns desses posters. Se clicarem na imagem conseguem ampliar.
Todos os meses aparece um paneleirinho no telejornal com uma resma de folhas, listagens de impressoras matriciais em papel contínuo, a dizer que o mundo está mal e os lucros caem porque Portugal esconde o pior antro de pirataria de que há memória no planeta nos últimos 1000 anos. Que não consegue pagar as prestações dos BMWs e das casas do Algarve. Que se fosse ele a governar, mandava enforcar mil putos que fazem downloads “ilegais”, para dar o exemplo, e que devia dar em directo na TV no Zig Zag da RTP2 para as crianças aprenderem que piratear conteúdos pode correr mal. Esse mesmo paneleirinho é mais tarde chamado ao tribunal onde apanha um puxão de orelhas porque violou quantas leis existem de privacidade e as suas bases de dados não obedecem a uma única directiva da comissão nacional de protecção de dados. Que afinal até usou software pirata para elaborar os resultados porque “desconhecia que o Office era a pagar”. Esta última parte já não passa no telejornal das 20h porque não tem o glamour necessário para meter desdentadas de 91 anos a elaborar opiniões baseadas em preconceitos sócio-culturais colonialistas e orientações católicas pré-concílio vaticano segundo. E com isto fica a ideia de que somos todos uns ladrões que não querem pagar a magnifica qualidade e variedade de produtos de preço acessível que o mercado nacional nos disponibiliza em prol de uma nação desenvolvida sob a batuta da excelência artística. A verdade é que isto é a mais vil mentira. Um grupo restrito de distribuidores quer extrapolar os lucros oferecendo horríveis produtos a preços pornográficos e querem que o público os consuma à força, sob pesada ameaça, apoiados por um sistema que os protege e obriga o seu povo a empobrecer para que estes tipos possam brilhar na bolsa, nas reuniões com as empresas mãe e naquelas reuniões secretas onde invariavelmente alguém acaba voluntariamente a oferecer uma rodada de felácio*.
Foi este engenhoso ardil que os produtores de [REC]2 arranjaram para fazer o marketing do filme. Ainda não vi, e se calhar nem irei ver. Duvido muito que tenha 20% da originalidade e encanto do original. Mas o cartaz é adorável.
Que histórias irão ver os nossos filhos ver nos cinemas? As mesmas que nós! E que histórias irão ver os nossos netos nos cinemas? As mesmas que os nossos filhos. E são exactamente iguais? Não. Irão ser aguadas, estupidificadas e polidas ao ponto de daqui a 15 gerações todo os filmes serem um lençol branco, ao vento, com uma música da Enya e uma mensagem final que envolve, invariavelmente, a força da amizade, tretas religiosas e uniões politicamente correctas que são inversamente proporcionais à hipocrisia de raízes satânicas praticados pelos grandes estúdios, que no futuro serão apenas 2: Sony Pictures e Sony Pictures Kids…
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